I
É
noite, tudo é mistério, eu vejo
Há
quem chore, há quem ligue a chave de ignição
Entretanto
em meu coração fortemente chove
Chove
chove chove
Enquanto
chove, choro e relampeja
Se
despem e se despedem todos os amantes
As
chaves de ignição acendem os trovões
Apagam-se
as velas e assim seja
VII
Os
carros são cada ano mais potentes
E
capazes de desenvolver velocidades surpreendentes
São
capazes de atirar quilômetros animais árvores
gente
Não
sei porque a vida se faz tão urgente
VIII
Sou
político
E nem
sei o que possa dizer com isso
Mas é
da época ser político
E há
vários políticos
E cada
um tem a sua verdade política
E a
sua maneira política de ser político
E
cada político tem o seu melhor mundo a oferecer
Sou
político e também penso que talvez tenha um mundo
Mas
nem por isso, talvez somente fantasie inútil
E
acredite poder alterar esse inexorável rumo.
Fui
tão político às vezes que desdenhei as formas
E
contestei as normas
E
confessei ridículas as pétalas de rosas
Fui
tão político às vezes que fiz da beleza uma coisa perigosa
E tão
político às vezes que tornou-se a noite pavorosa
Fui tão
político às vezes que se desfizeram as minhas
mãos
amorosas
E tão
político às vezes que pensei entender a guerra
O
chumbo e a pólvora
Fui
tão político às vezes que despendi mil impossíveis horas
Dissolvendo
em amnésia todas as memórias
As
máquinas são políticas
As
poéticas são políticas
As
canções são políticas
Mas
eu desconfio que alguma coisa possa deixar de ser
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