Três mil homens do
Exército e da Marinha começam hoje a entrar nas favelas da Zona Oeste do Rio e
também do Complexo da Maré, para dar apoio às equipes do Tribunal Regional
Eleitoral. A operação terá início nas favelas Gardênia Azul, em Jacarepaguá,
Muquiço, em Deodoro, e Fogo Cruzado, na Maré. A ação abrangerá 28 comunidades
sob influência do tráfico e de milicianos. Para o presidente do TRE, Luiz
Zveiter, a última semana é a mais crítica. Os militares permanecerão nesses
locais das 8h às 18h
Tropas chegam ao
Rio
Três mil militares ocuparão, até o final das eleições, 28 favelas na capital
Marcio Beck
A partir de hoje, três mil homens do Exército e da Marinha, além de 500
agentes e delegados da Polícia Federal, ocuparão, das 8h às 18h, um total de 28
favelas não pacificadas no Rio, até o próximo sábado, véspera das eleições. Por
dia, dois mil homens do Exército ocuparão quatro favelas da Zona Oeste em que
há presença de milícias, segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do
Rio de Janeiro (TRE-RJ), desembargador Luiz Zveiter; e mil da Marinha se
concentrarão em uma comunidade, sempre no Complexo da Maré. Já no domingo, dia
da votação, todas as 28 comunidades serão ocupadas pelas tropas federais. Sexta-feira,
o TRE inaugura um centro de controle informatizado, por meio do qual será
monitorada a movimentação das tropas.
O anúncio foi feito pelo presidente do TRE-RJ após reunião, na tarde de
ontem, com representantes das forças federais e estaduais. Os representantes
militares não quiseram falar com a imprensa. Apesar de a programação para a
data da votação não estar totalmente definida - o que ocorrerá ao longo da
semana, em novas reuniões -, ele não descarta a possibilidade de mais reforços
para a capital, além do efetivo que será enviado a Magé, Campos, Itaboraí, Cabo
Frio, Rio das Ostras, Macaé e São Gonçalo. O comandante da Polícia Militar,
Erir Ribeiro Costa Filho, adiantou que a corporação atuará com 15 mil homens no
dia da votação.
- Vai ter sempre um juiz, junto com os fiscais (do TRE), e vamos fazer a
limpeza dessas áreas, das propagandas irregulares, deixando bem claro que o
Exército e a Marinha não estão vindo para ocupar espaço da segurança pública do
estado. O objetivo é focado exclusivamente na área do Tribunal Regional
Eleitoral - afirmou Zveiter.
Ainda que o propósito principal das ações durante a semana seja o combate à
propaganda irregular, os militares poderão prender pessoas por outros crimes,
se houver flagrante. Já no dia das eleições, disse Zveiter, a preocupação das
tropas federais será, sobretudo, inibir a boca de urna:
- Todo os que estiverem tentando fazer boca de urna serão presos. Queremos
dar tranquilidade à população, com maior amplitude em alguns municípios, e no
restante do estado pelas forças estaduais, para o eleitor poder votar sem
problema. A última semana é a mais crítica. É quando eles (os candidatos) farão
as maiores irregularidades para obter o voto no dia 7.
O primeiro contingente do Exército, composto por militares de quartéis do
estado do Rio, sairá da 1ª Divisão da Vila Militar às 10h, em direção à
Gardênia Azul, em Jacarepaguá, e à favela do Muquiço, em Deodoro. Também
participarão dois helicópteros vindos do Comando de Aviação do Exército, em
Taubaté, São Paulo. O efetivo da Marinha partirá às 13h do Batalhão Riachuelo,
na Ilha do Governador, com destino ao Complexo da Maré, para ocupar a favela
Fogo Cruzado. Zveiter informou que acompanhará pessoalmente o início da
operação.
O presidente do TRE-RJ não quis comparar o aparato de segurança para esta
disputa ao empregado na eleição municipal passada, e criticou o planejamento
feito há quatro anos:
- Não quero falar de 2008, porque o projeto foi, para mim, desagradável. O
Exército e a Marinha têm uma previsão constitucional muito mais importante do
que ir a evento para garantir (a segurança de) candidato que vai fazer comício.
Então, vamos esquecer (a eleição de) 2008, tirar do papel essa tal de Operação
Guanabara. Vamos a esta operação, de 2012, eleições limpas e tranquilas.
Na quinta-feira, ao saber que os demais municípios do estado teriam reforço
apenas no dia da eleição, Zveiter cogitou dispensar as tropas federais. A
presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, minimizou o episódio e
disse que Zveiter é "um bom parceiro".
Fonte: O Globo
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