Marcos de Moura e Souza
BELO HORIZONTE - Aécio: senador manteve hegemonia nas urnas, com o PSDB e
partidos que estiveram na base dele, quando governador, elegendo 80% dos
prefeitos de Minas
Os tucanos mineiros estão em busca de um candidato. Passadas as eleições
municipais, o partido precisa de um nome para concorrer com chances reais de
vitória às eleições para o governo do Estado em 2014. O atual governador,
Antonio Anastasia (PSDB), não pode se candidatar novamente e o partido não tem
um herdeiro natural para o seu lugar. Se para o PSDB é importante continuar no
comando do Estado, para o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é fundamental contar
com um nome forte em casa no ano que deverá estar dedicado à sua primeira
campanha presidencial. Mas hoje sua lista de opções realmente competitivas para
Minas é escassa.
Analistas e pessoas próximas ao governador dizem que o nome mais forte hoje
seria o do prefeito reeleito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. O PSDB
cortejou-o diversas vezes durante seu primeiro mandato com a proposta de
disputar 2014. Há, no entanto, pelo menos dois problemas em relação a ele:
Lacerda teria de abandonar seu segundo mandato no meio e, acima de tudo, ele
não é tucano, mas do PSB. "A não ser que haja um acordo costurado por
Eduardo Campos [presidente nacional do PSB] e Aécio, dificilmente Aécio
aceitaria colocar Lacerda na condição de candidato a governador", diz
Malco Camargos, doutor em Ciência Política e professor da Pontifícia
Universidade Católica (PUC-MG).
O PSB é um dos partidos da base da presidente Dilma Rousseff, do PT, e Campos,
um aliado do governo. Mas nas eleições municipais, esteve ao lado algumas vezes
de Aécio em campanha pelo Brasil apoiando candidatos em comum. Além disso,
impôs algumas derrotas marcantes ao PT, uma delas em Belo Horizonte. Campos é
tido como um potencial candidato a presidente, mas caso se mantenha na órbita
de Dilma não faria sentido para os tucanos "dar" o governo do Estado
a um partido adversário. O PSDB está desde 2002 no governo.
O vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) aparece entre os nomes citados
por tucanos como possível candidato a governador. Os tucanos repetiriam o
roteiro de 2010, quando Aécio deixou o cargo de governador para se candidatar
ao Senado e elegeu seu vice, Anastasia, para o cargo. Mas, como diz o professor
Carlos Ranulfo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Anastasia era
visto como a "cabeça" do governo Aécio, alguém responsável pelo dia a
dia do Estado e pelas medidas mais importantes do ponto de vista de gestão. Era
um técnico de prestígio assumindo o governo que, para muitos, ele de fato tocou
quando Aécio era o titular. Coelho não tem esse papel e não tem o prestígio que
Anastasia tinha.
Outro nome que vem sendo especulado é o do atual presidente da Assembleia
Legislativa de Minas, o deputado Diniz Pinheiro (PSDB). Há quem fale no
secretário-geral do PSDB, o deputado federal, Rodrigo de Castro. Ambos tucanos,
emergentes e jovens.
A tese do círculo de Aécio dentro do PSDB de Minas é que se o senador
disputar a Presidência ele fará sem maiores dificuldades o candidato de Minas.
É o que diz, por exemplo, um veterano da política mineira, o secretário de
Governo de Anastasia, Danilo de Castro - pai de Rodrigo de Castro.
O presidente do diretório estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana,
fez as contas e disse dias atrás que o partido está "muito bem posicionado
em termos de apoio para as eleições de 2014 para o governo do Estado".
O PSDB elegeu 143 prefeitos neste ano. Menos do que nas eleições anteriores,
quando o escore tucano foi de 158. Pestana diz que isso se deveu à decisão do
partido de ceder candidaturas a partidos aliados. A oposição petista e de parte
do PMDB afirma que o desempenho tucano revela perda de prestígio do partido de
Aécio.
Mas a julgar pelo resultado conjunto do PSDB e de seus partidos aliados -
legendas que estiveram na base de Aécio, quando governador, e que estão na base
de Anastasia -, a hegemonia aecista parece incontestável nas urnas. Segundo
Pestana, essas siglas ganharam 80% das 853 prefeituras de Minas. "Aécio
sai com sua liderança inconteste em Minas, revigorada, e o PSDB criou bases
sólidas, raízes profundas para as eleições de 2014", escreveu o deputado
nesta semana.
Para Ranulfo, ainda que não conte agora com um nome na manga, Aécio está
numa situação favorável em Minas. "Há uma enorme aliança em torno dele no
meio empresarial, financeiro e na imprensa local", diz. Mas a falta de um
nome claro e a necessidade que Aécio terá de se concentrar na campanha
presidencial - e não na disputa em Minas - tornará a situação do senador em
casa menos confortável do que foi na eleição para governador de 2010, diz
Camargos. E além disso, tenderá a ter um PT mais unido e um candidato bem mais
forte na oposição: o ex-prefeito de BH e atual ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio, Fernando Pimentel e não Hélio Costa (PMDB), candidato
derrotado em 2010.
Fonte: Valor Econômico
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