Aliados nacionalmente hoje, partidos podem estar em palanques diferentes nas
eleições presidenciais de 2014
PSB, da base de apoio do governo Dilma, pode investir em candidatura própria
ou apoiar nome de Aécio Neves (PSDB)
Nelson Barros Neto
SALVADOR - A dois anos das eleições ao Palácio do Planalto e aos governos
estaduais, o PT da presidente Dilma Rousseff e o PSB do governador de
Pernambuco, Eduardo Campos, estão divididos em mais da metade dos Estados.
Levantamento da Folha nos diretórios regionais mostra que eles já enfrentam
rachas em ao menos 15 Estados.
A relação entre os dois partidos, aliados nacionalmente, é hoje tratada como
a principal incógnita para 2014.
Sigla que mais cresceu nestas eleições municipais, o PSB pode ficar sozinho
em 2014, no palanque da reeleição de Dilma ou ao lado do senador mineiro Aécio
Neves (PSDB), principal nome da oposição para a disputa.
Na campanha eleitoral deste ano, Aécio percorreu o país para pedir votos tanto
para tucanos como para candidatos do PSB. Em Belo Horizonte, por exemplo, atuou
como principal cabo eleitoral para a reeleição do prefeito Marcio Lacerda, do
PSB.
Já Campos acumulou vitórias de seu partido em duelos diretos contra o PT.
Foi assim em BH, Recife, Cuiabá, Campinas e Fortaleza.
Esses resultados o colocaram como uma opção de terceira via para 2014, mas
também deixaram feridas abertas na relação com o PT.
Por isso há quem defenda uma chapa Campos e Aécio, como disse o prefeito
eleito de Manaus, Arthur Virgílio.
"Nós temos esse lado, de conviver bem com um [PT] e com outro
[PSDB]", diz Laurez Moreira, presidente do PSB de Tocantins -um dos 12
Estados em que a aliança continua firme, mas com possibilidade de se desmanchar
em 2014, caso os socialistas lancem candidatura própria.
O primeiro ingrediente pós-eleitoral que pode acirrar o cenário virá na
quinta-feira, no anúncio das sedes da Copa das Confederações de 2013,
evento-teste para a Copa, no ano seguinte.
O Recife corre risco de exclusão, o que deixaria o torneio só com cinco
palcos: Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza.
O governo brasileiro tem poder de influência na Fifa, responsável pela
decisão. Recife fora da competição seria uma derrota para Campos.
Rachas nos estados
Em São Paulo, mesmo tendo apoiado Fernando Haddad (PT), o PSB comandado pelo
deputado federal Márcio França antecipa: "Ou teremos chapa própria ou
continuaremos com o governador Geraldo Alckmin [do PSDB]".
Em Minas Gerais, o PSB vive uma dualidade. Quase todo o partido pertence
desde 2003 à base de apoio de Aécio, enquanto o presidente estadual da sigla,
Walfrido dos Mares Guia, é mais próximo do PT e amigo pessoal do ex-presidente
Lula. Isolado, Walfrido hoje não teria força para conduzir o partido a apoiar o
PT em 2014.
No Ceará, o quadro é de indefinição. A disputa em Fortaleza distanciou o PT
do PSB, mas no plano estadual os petistas continuam participando do governo Cid
Gomes (irmão de Ciro). Para 2014, PSB e PT devem lançar candidatos próprios.
Em alguns Estados, PT e PSB são adversários ferrenhos. Presidente petista em
SC, José Fritsch, chama o PSB catarinense de representante da "extrema
direita". Lá, o presidente da sigla é o ex-senador Geraldo Althoff, com
história ligada ao PFL, hoje DEM. No Paraná, o líder do PSB, Severino Nunes,
diz "nunca ter participado de uma eleição junto com o PT".
Colaborou Paulo Peixoto, de Belo Horizonte
Fonte: Folha de S. Paulo
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