Representantes do PDT
e do PMDB dizem não ter sido consultados sobre ataque aos partidos de oposição
Eugênia Lopes
BRASÍLIA - Integrantes
do PMDB e do PDT reclamaram ontem da decisão dos presidentes Valdir Raupp e
Carlos Lupi de assinar nota, idealizada pelo PT, na qual seis partidos da base
aliada defenderam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acusaram a
oposição de tentativa de golpe.
Divulgada na
quinta-feira, a nota de desagravo a Lula faz ataques ao PSDB, DEM e PPS, após a
oposição ameaçar pedir apuração sobre a suposta relação do ex-presidente com o
mensalão. “É um exagero”, disse ontem o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). “A
oposição não está sendo golpista. Não existe golpe contra ex-presidente.”
Ele e o senador Pedro
Taques (PDT-MT) divulgaram nota reclamando por não terem sido consultados sobre
o desagravo a Lula. “Se tivéssemos sido consultados, seríamos contra”,
afirmaram os dois senadores, na nota. “Além de ser um direito inerente às
oposições fazer críticas, em nenhum momento tocaram na presidenta Dilma.
Consideramos mais ameaçadoras à democracia as consequências dos imensos gastos
publicitários feitos pelos governos”, escreveram.
Dirigentes do PMDB
também condenaram a atitude do presidente do partido, senador Valdir Raupp
(RO), de assinar a nota em defesa de Lula. “Ele (Raupp) puxou para o colo do
PMDB o mensalão. Nós não temos nada com isso”, argumentou um peemedebista. Na
época do mensalão, o PMDB não era da base de apoio do governo Lula. “O PMDB era
de oposição e depois do mensalão é que o governo veio atrás da gente”, observou
outro integrante do partido. “O Raupp renegou fatos históricos ao tomar uma
posição dessas e assinar a nota sem nos consultar.”
Surpresa. Segundo um parlamentar peemedebista, o
presidente do PT, Rui Falcão, teria pego Raupp de surpresa com a nota já
assinada pelos outros cinco partidos. Sem saída, Raupp chancelou a Carta à
Sociedade e, depois, avisou o vice-presidente da República, Michel Temer, sobre
o documento de solidariedade a Lula.
“O Raupp não teve capacidade de
reagir”, reclamou um peemedebista. Na nota, os presidentes de seis partidos –
PT, PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB – atacam o que chamam de “forças
conservadoras” que estariam dispostas a “qualquer aventura” e falam em
“práticas golpistas”. A manifestação foi organizada em meio à série de reveses
no Supremo Tribunal Federal e à possibilidade de o ex-ministro José Dirceu vir
a ser condenado às vésperas das eleições municipais de 7 de outubro. O texto da
nota foi articulado pelo próprio Lula. Ele fez essa sugestão ao participar de
ato de campanha de Fernando Haddad no último domingo, no Centro de Tradições
Nordestinas, em São Paulo. Declarações atribuídas ao publicitário Marcos
Valério pela revista Veja, naquele fim de semana, jogaram Lula no centro da crise,
apontando-o como chefe do mensalão.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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