Partido, que hoje tem sete capitais, é favorito em apenas três. Ao priorizar
a disputa em São Paulo, sigla cedeu terreno a adversários. DEM vê a chance de
se recuperar após perder integrantes para o PSD
Karla correia
Mesmo no comando do governo federal, contando com a alta popularidade da
presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como
cabo eleitoral nos palanques prioritários da legenda, o PT vislumbra uma forte
possibilidade de encolher nas eleições para prefeito nas capitais, no quadro
que se desenha na reta final do primeiro turno. O partido que hoje comanda sete
prefeituras está na dianteira das pesquisas de intenção de votos em apenas
três: Goiânia, Rio Branco e João Pessoa. E corre o risco de ficar fora do
segundo turno em São Paulo, a disputa escolhida como prioridade da sigla.
Aos pesadelos do PT, soma-se o fato de que o partido que está na frente em
um maior número de capitais é o PSDB, força política que tradicionalmente
polariza as disputas com os petistas. Candidatos tucanos têm dominado os
pleitos em cinco capitais, inclusive Vitória, hoje governada pelo PT.
"Ainda é muito cedo para cravar que o PT está diminuindo nessas
cidades", minimiza o secretário de Organização do partido, Paulo
Frateschi.
Na avaliação de Frateschi, a situação da legenda na campanha repete um
comportamento já tradicional da sigla em disputas eleitorais. "Somos um
partido de chegada, estamos acostumados a virar disputas nos últimos 10 dias da
corrida", afirma o secretário, reconhecendo que a militância demorou a ir
para as ruas reforçar as candidaturas petistas.
Um sintoma da desmobilização se fez sentir em São Paulo, onde Lula chegou a
dizer no palanque do petista Fernando Haddad estar sentindo falta de militantes
entregando panfletos e agitando bandeiras. "Não podemos pensar que a
televisão vai resolver tudo", disse Lula. "Ele entrou na hora certa.
Um chamado desse é suficiente para o partido entrar em campo", acredita o
secretário do PT.
A reação dos oposicionistas, no entanto, não se restringe ao PSDB. Depois de
perder quadros e tempo de televisão com a criação do PSD e ter seu ocaso
decretado por analistas políticos, o DEM ressurge com chance de eleger três
prefeitos de capitais, um deles já no primeiro turno: João Alves, em Aracaju.
"Mais do que o cansaço de material de partidos como o PT, nós estamos
apostando na qualidade dos nossos quadros. Quem ficou no DEM depois da sangria
causada pelo PSD foi a essência do partido, os nomes mais tradicionais",
diz o presidente da sigla, José Agripino Maia. "Reconheço que vivemos um
ano pesado, mas soubemos nos recompor e, em certa medida, ganhar com o que
parecia ser uma perda", avalia Agripino, que cita como principal exemplo o
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). "Ele saiu do partido e foi
apoiar o José Serra (PSDB) como se fosse o grande cabo eleitoral da disputa.
Agora, está sendo escondido pela campanha", desdenhou o democrata.
Aliados. Outro problema que o PT enfrentará é o avanço de legendas aliadas
na esfera federal. O PSB, que rompeu aliança com o partido em três capitais,
apresentando candidaturas próprias, tem nomes considerados competitivos em ao
menos seis. O provável crescimento da sigla preocupa o governo federal e a
cúpula petista por representar a consolidação do governador de Pernambuco,
Eduardo Campos (PSB), como liderança política nacional, com poder para
influenciar a construção da chapa governista em 2014 ou lançar candidatura
própria à Presidência.
O PDT aparece com três candidatos em primeiro lugar nas pesquisas — o mesmo
número que hoje apresentam PT e PMDB. O resultado desse avanço poderá
influenciar uma redistribuição de forças na Esplanada, ao fim das eleições.
"O número de capitais é importante, mas a força do partido no interior não
pode ser desconsiderada", diz o presidente do PMDB, Valdir Raupp,
apostando que o partido irá se manter no topo do ranking das legendas e somar
mais de mil prefeituras neste ano. "Continuaremos sendo a principal força
da base aliada nos municípios", afirma Raupp.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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