domingo, 23 de setembro de 2012

PT corre o risco de encolher


Partido, que hoje tem sete capitais, é favorito em apenas três. Ao priorizar a disputa em São Paulo, sigla cedeu terreno a adversários. DEM vê a chance de se recuperar após perder integrantes para o PSD

Karla correia

Mesmo no comando do governo federal, contando com a alta popularidade da presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como cabo eleitoral nos palanques prioritários da legenda, o PT vislumbra uma forte possibilidade de encolher nas eleições para prefeito nas capitais, no quadro que se desenha na reta final do primeiro turno. O partido que hoje comanda sete prefeituras está na dianteira das pesquisas de intenção de votos em apenas três: Goiânia, Rio Branco e João Pessoa. E corre o risco de ficar fora do segundo turno em São Paulo, a disputa escolhida como prioridade da sigla.

Aos pesadelos do PT, soma-se o fato de que o partido que está na frente em um maior número de capitais é o PSDB, força política que tradicionalmente polariza as disputas com os petistas. Candidatos tucanos têm dominado os pleitos em cinco capitais, inclusive Vitória, hoje governada pelo PT. "Ainda é muito cedo para cravar que o PT está diminuindo nessas cidades", minimiza o secretário de Organização do partido, Paulo Frateschi.

Na avaliação de Frateschi, a situação da legenda na campanha repete um comportamento já tradicional da sigla em disputas eleitorais. "Somos um partido de chegada, estamos acostumados a virar disputas nos últimos 10 dias da corrida", afirma o secretário, reconhecendo que a militância demorou a ir para as ruas reforçar as candidaturas petistas.

Um sintoma da desmobilização se fez sentir em São Paulo, onde Lula chegou a dizer no palanque do petista Fernando Haddad estar sentindo falta de militantes entregando panfletos e agitando bandeiras. "Não podemos pensar que a televisão vai resolver tudo", disse Lula. "Ele entrou na hora certa. Um chamado desse é suficiente para o partido entrar em campo", acredita o secretário do PT.

A reação dos oposicionistas, no entanto, não se restringe ao PSDB. Depois de perder quadros e tempo de televisão com a criação do PSD e ter seu ocaso decretado por analistas políticos, o DEM ressurge com chance de eleger três prefeitos de capitais, um deles já no primeiro turno: João Alves, em Aracaju. "Mais do que o cansaço de material de partidos como o PT, nós estamos apostando na qualidade dos nossos quadros. Quem ficou no DEM depois da sangria causada pelo PSD foi a essência do partido, os nomes mais tradicionais", diz o presidente da sigla, José Agripino Maia. "Reconheço que vivemos um ano pesado, mas soubemos nos recompor e, em certa medida, ganhar com o que parecia ser uma perda", avalia Agripino, que cita como principal exemplo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). "Ele saiu do partido e foi apoiar o José Serra (PSDB) como se fosse o grande cabo eleitoral da disputa. Agora, está sendo escondido pela campanha", desdenhou o democrata.

Aliados. Outro problema que o PT enfrentará é o avanço de legendas aliadas na esfera federal. O PSB, que rompeu aliança com o partido em três capitais, apresentando candidaturas próprias, tem nomes considerados competitivos em ao menos seis. O provável crescimento da sigla preocupa o governo federal e a cúpula petista por representar a consolidação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como liderança política nacional, com poder para influenciar a construção da chapa governista em 2014 ou lançar candidatura própria à Presidência.

O PDT aparece com três candidatos em primeiro lugar nas pesquisas — o mesmo número que hoje apresentam PT e PMDB. O resultado desse avanço poderá influenciar uma redistribuição de forças na Esplanada, ao fim das eleições. "O número de capitais é importante, mas a força do partido no interior não pode ser desconsiderada", diz o presidente do PMDB, Valdir Raupp, apostando que o partido irá se manter no topo do ranking das legendas e somar mais de mil prefeituras neste ano. "Continuaremos sendo a principal força da base aliada nos municípios", afirma Raupp.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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