Andreza Matais, Gabriela Guerreiro e Daniel Roncaglia
BRASÍLIA, SÃO PAULO - O peemedebista Renan Calheiros (AL), que deve voltar hoje à presidência do Senado cinco anos após deixar o cargo por suspeitas de corrupção, disse ontem à Folha que, se eleito, irá priorizar uma agenda ética: corte de gastos e "transparência absoluta" na Casa.
Em entrevista, Renan afirmou que "não haverá espaço para a dúvida" durante a sua gestão, que vai trabalhar para "robustecer o Congresso" e que criará "barreira jurídica contra qualquer iniciativa com pretensões de restringir a liberdade de informação".
Em 2007, o senador renunciou à presidência do Senado após ser acusado de ter despesas pessoais pagas por lobista de uma construtora.
O senador disse que não se sente desconfortável em presidir a Casa mesmo tendo sido denunciado na semana passada por ter apresentado notas fiscais frias para justificar seu patrimônio no escândalo de 2007.
Ele acusou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de agir politicamente para beneficiar seu adversário na disputa, o senador Pedro Taques (PDT-MT), que é procurador da República.
"A iniciativa, sabe-se agora, foi para beneficiar um candidato à presidente do Senado da própria corporação." Gurgel nega ação política.
O senador disse que irá tratar o Executivo com independência. E prometeu colocar em votação os vetos presidenciais a projetos aprovados pelo Congresso, demanda que não interessa ao Executivo.
"O fato de integrar um partido da base de apoio não autoriza o raciocínio da submissão", disse, em respostas enviadas por escrito.
A Folha apurou que Renan irá anunciar uma nova sistemática de análise aos vetos, que há anos não são colocados na pauta.
O retorno à presidência do Senado pela "porta da frente", como peemedebistas gostam de dizer, virou meta para Renan desde 2007.
A volta de Renan deve marcar também a continuidade no poder do mesmo grupo político que comanda a Casa desde 2001 -o PMDB que orbita em torno do atual presidente, José Sarney (AP).
A eleição de hoje começa às 10h e é por votação secreta. Além de controlar um orçamento bilionário, o presidente decide o que entra na pauta de votações.
apoio
Ontem o ex-ministro José Dirceu (PT) saiu em defesa do Renan afirmando que ele tem sido vítima de "falso moralismo" patrocinado por imprensa e Ministério Público.
"O que estamos assistindo em relação ao senador Renan é, de novo, uma ofensiva midiática dando cobertura a denúncias contra ele concertadas com ações do Ministério Público Federal", afirmou o petista, condenado no julgamento do mensalão a 10 anos e 10 meses de prisão.
Para ele, que neste mês já havia escrito outros três textos em defesa de Renan, há uma estratégia para dividir a base de Dilma Rousseff.
Fonte: Folha de S. Paulo
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