sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Produção industrial tem queda de 2,7% em 2012, a primeira desde a crise

O resultado do ano passado é o primeiro negativo desde 2009; na comparação entre os meses de dezembro e novembro, a atividade da indústria ficou estável

Daniela Amorim e Fernanda Nunes

RIO - Em 2012, a produção da indústria acumulou queda de 2,7% divulgou nesta sexta-feira, 1, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o primeiro resultado negativo desde a queda de 7,4% em 2009, ano em que a indústria ainda sofria com os efeitos mais intensos da crise internacional.

Nos dois últimos anos, o resultado da atividade industrial foi positivo: acréscimo de 0,4% em 2011 e avanço de 10,5% em 2010.

Setores

O instituto informou que, em 2012, a queda da produção industrial foi generalizada. Todas as categorias de uso, 17 dos 27 ramos, 50 dos 76 subsetores e 59,5% dos 755 produtos investigados registraram resultados negativos. A maior influência negativa partiu dos veículos automotores (-13,5%), com destaque para a redução na fabricação de caminhões, caminhão-trator para reboques e semi-reboques, chassis com motor para caminhões e ônibus, motores diesel para caminhões e ônibus, autopeças e veículos para transporte de mercadorias.

Já entre as dez atividades que avançaram no ano, a principal influência sobre o total da indústria ficou com refino de petróleo e produção de álcool (4,1%), outros produtos químicos (3,4%) e outros equipamentos de transporte (8,5%), impulsionados principalmente pela maior fabricação de gasolina automotiva, óleo diesel e outros óleos combustíveis no primeiro ramo, herbicidas para uso na agricultura no segundo e aviões no último.

Entre as categorias de uso, o IBGE ressaltou que o ano passado foi marcado por um dinamismo menor de bens de capital (-11,8%) e dos bens de consumo duráveis (-3,4%), por causa da retração na produção de bens de capital para transporte, bens de capital de uso misto e bens de capital para construção, no primeiro segmento. No caso de duráveis, os destaques negativos foram telefones celulares, motocicletas, fornos de micro-ondas, relógios, televisores, ventiladores, aparelhos de ar-condicionado e automóveis.

A produção de bens intermediários recuou 1,7%, demonstrando uma queda menos intensa do que a média da indústria, enquanto a de bens de consumo semi e não duráveis (-0,3%) obteve resultado negativo mais moderado, assinalou o IBGE.

Dezembro

No mês de dezembro a produção industrial ficou estável com relação a novembro (0%), na série com ajuste sazonal. Na comparação com dezembro de 2011, a produção industrial caiu 3,6%. Nesta comparação, as estimativas foram de queda de 1,80% a 6,20%, com mediana negativa de 4,70%.

Na passagem de novembro para dezembro, 14 dos 27 ramos investigados apontaram queda na produção. As principais perdas foram verificadas em máquinas e equipamentos (-4,5%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (-13,1%).

Outras contribuições negativas foram de veículos automotores (-1,0%), metalurgia básica (-1,9%), bebidas (-2,5%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros (-8,0%), celulose, papel e produtos de papel (-1,2%) e calçados e artigos de couro (-4,3%).

Na direção contrária, entre as 12 atividades que ampliaram a produção, os destaques foram as indústrias extrativas (2,8%), farmacêutica (3,7%), outros equipamentos de transporte (4,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,6%), vestuário e acessórios (10,0%), edição, impressão e reprodução de gravações (2,5%) e minerais não metálicos (2,2%).

Semestres

A produção industrial foi melhor no segundo semestre de 2012 do que no primeiro. A queda da produção no período de janeiro a junho foi de 3,8%. No segundo semestre, a produção caiu de 1,6%. Ambos os resultados referem-se a iguais períodos do ano anterior.

AE Projeções

As projeções para 2012 foram de recuo entre 2,70% a 2,90%, com mediana negativa de 2,80%. O resultado de dezembro veio acima da mediana das expectativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de uma taxa negativa em 0,40%. Ainda assim, o resultado está dentro do intervalo projetado, que ia de uma queda de 1,50% a uma alta de 0,40%.

Revisão

O IBGE revisou a produção industrial de novembro ante outubro, que passou de uma queda de 0,6% para um recuo de 1,3%. A taxa de outubro ante setembro também foi revisada, de +0,1% para +0,6%. A taxa de setembro ante agosto saiu de -0,7% para -0,8%, enquanto a de agosto ante julho passou de +1,5% para +1,6%.
A produção de bens de capital também sofreu revisão, saindo de uma taxa de -1,1% para -0,6% em novembro ante outubro. A taxa de setembro ante agosto passou de -0,9% para -1,0%.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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