PMDB oficializa candidatura de senador, que, investigado por usar notas frias, promete transparência
Fernanda Krakovics, Maria Lima
BRASÍLIA - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que deve ser eleito hoje novo presidente do Senado com o apoio do PT e do Palácio do Planalto, só teve sua candidatura formalizada ontem à tarde, a menos de 24 horas da eleição. Renan, que sequer apareceu em público para se apresentar como candidato, está há dois anos trabalhando nos bastidores para vencer a disputa.
O anúncio de sua candidatura foi feito pelo presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que negou constrangimento por Renan correr o risco de virar réu em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele afirmou que Renan é um "líder nato".
Enquanto Renan se mantinha em silêncio, o dia foi de intensa movimentação no Senado, com dois pré-candidatos à Presidência da República em 2014 - o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) - articulando alternativas ao candidato do PMDB.
O PSB chegou a lançar o senador Antonio Carlos Valadares (SE), mas, no final do dia, restou apenas a candidatura do senador Pedro Taques (PDT-MT), com apoio oficial de PSDB, PSB e PSOL. A votação é secreta; será eleito quem obtiver maioria simples (metade mais um dos presentes). Como 78 senadores devem votar, a expectativa do grupo de Renan é conseguir até 60 votos.
O PSB queria que Taques retirasse seu nome, o que não ocorreu. Isolado, o partido desistiu de lançar candidato.
- O que discutimos foi quem poderia somar mais. Lamentamos que o senador Renan mantenha sua posição, uma candidatura subterrânea. Ele tem sobre si uma série de dificuldades que preocupa a todos. Não queremos mais enfrentar a crise que enfrentamos em 2007 - disse a líder do PSB, senador Lídice da Mata (BA).
O nome de Renan foi aclamado ontem pelos 17 senadores do PMDB presentes na reunião da bancada. Estavam ausentes o senador Luiz Henrique (SC), por motivo de saúde, e os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), seus opositores. O único que, na reunião, protestou contra a forma como Renan comandou a sua candidatura, sem debate, foi Roberto Requião (PR), que cobrou propostas. Em resposta, Renan disse que sua plataforma de administração da Casa nos próximos dois anos se baseava em quatro pontos: criação de uma secretaria de transparência, aprovação de um novo pacto federativo, reforma administrativa e rejeição de qualquer proposta de regulação de mídia, defendida pelo ex-presidente Lula e o PT
Apesar do favoritismo de Renan na votação secreta, o clima no Senado é de constrangimento, porque a Procuradoria Geral da República denunciou o peemedebista, na semana passada, por supostamente ter apresentado notas frias para justificar seu patrimônio. Renan deixou o cargo de presidente do Senado em 2007, em um acordo político para evitar sua cassação. Ele era acusado de receber ajuda financeira de um lobista da empreiteira Mendes Júnior para pagar a pensão de R$ 12 mil de sua ex-amante, com quem teve uma filha.
Fonte: O Globo
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