Nome de Antonio Carlos Valadares foi cogitado para concorrer com Renan, mas partido optou por apoiar Pedro Taques
João Domingos
BRASÍLIA - O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, decidiu aproveitar a eleição do presidente do Senado para mostrar poder de fogo e dar início à primeira de uma série de enfrentamentos com o PMDB que pretende ter daqui para a frente. Campos orientou ontem todos seus aliados a rejeitar a candidatura de Renan Calheiros (AL), do PMDB, favorito na disputa.
De acordo com um interlocutor de Campos, com essa atitude de enfrentamento, o PSB pretende medir forças com o PMDB, demarcar terreno na disputa política nacional e mostrar que almeja ter posição de destaque na base de apoio à presidente Dilma Rousseff.
Apesar da interferência do governador nos bastidores, a bancada do PSB já havia anunciado na quarta-feira que não votaria em Renan. Tratava-se de uma rebelião da sigla pelo fato de terem sido escanteados na formação da Mesa Diretora. O PSB não deve ocupar nenhum cargo de comando no Senado.
Como resultado da disputa com o PMDB pela demarcação de terreno político no País e na base do governo, Eduardo Campos deu ainda um tranco no senador Aécio Neves (MG), cotado para assumir a presidência do PSDB e ser o candidato tucano à sucessão da presidente Dilma Rousseff no ano que vem.
Na semana passada, Eduardo Campos conversou com o senador Antônio Carlos Valares (PSB-SE). Disse que atuaria na eleição do Senado. Propôs que Valadares se candidatasse. E se dispôs a tentar unir os descontentes. O primeiro passo foi orientar o senador Armando Monteiro (PTB-PE) a criticar a candidatura de Renan, o que foi feito. Em seguida, tentou unir os chamados independentes em torno de Valadares.
Mas, após reuniões seguidas, eles preferiram ficar com Pedro Taques (PDT-MT).
Essa decisão representou um pequeno revés para o governador de Pernambuco, porque mostrou também a reação do PSDB à movimentação de Eduardo Campos. Se os tucanos decidissem apoiar Valadares - mesmo que o vitorioso fosse Renan, como é provável que aconteça, eles estariam ajudando nas investidas políticas do PSB e, por consequência, prejudicando Aécio.
Durante encontro com Dilma, há cerca de 15 dias, Campos prometeu fidelidade ao governo neste ano. E, mesmo chamado pela presidente a se manter na base governista, porque ela quer se candidatar à reeleição em 2014, Campos respondeu que ainda era cedo para falar sobre o tema.
Embora tenha revelado o desejo de se reeleger, Dilma não conseguiu arrancar dele a garantia de que não será candidato. Campos deixou claro que seu projeto é fazer o PSB crescer, tanto no País quanto na base do governo. E que, nessa missão, entende que terá pela frente o PMDB.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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