domingo, 24 de fevereiro de 2013

Disputa presidencial começa mais de um ano antes da hora

.Dilma e Aécio deixam cordialidade de lado, partem para o ataque mútuo e antecipam campanha

Correligionários mineiros dos dois presidenciáveis apoiam iniciativa

Rodrigo Freitas

Ainda falta mais de um ano para as eleições presidenciais de 2014, porém, a corrida pelo Planalto já começou. Na última semana, a presidente Dilma Rousseff, que deverá tentar a reeleição pelo PT, e o senador mineiro Aécio Neves, presidenciável do PSDB, explicitaram e anteciparam a disputa que deveria começar, ao menos oficialmente, em julho do ano que vem.

E a briga começou ácida, com alfinetadas e acusações que partiram de ambos os lados. Neste primeiro momento de pré-campanha, os futuros postulantes ao governo apostaram suas fichas na desconstrução de seu respectivo rival.

Em evento de comemoração dos dez anos do PT no governo federal, Dilma relegou qualquer herança do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. "Nós não herdamos nada. Tivemos de construir tudo", afirmou Dilma na última quarta-feira. Do outro lado, buscando a antítese do discurso do PT, Aécio fez um pronunciamento no Senado e enumerou o que ele considera os 13 erros do PT ao longo das gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Dilma.

As ideias e os projetos ficaram em segundo plano, e a disputa caminhou apenas para o tom plebiscitário que já dominou os últimos pleitos. Aécio acusou o PT de governar o Brasil "com a lógica da reeleição".

Mas essa situação não causa estranheza ao cientista político da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Paulo Roberto Leal. "Aonde quer que exista a reeleição, a partir do primeiro dia de governo já se pensa nela. Todos fazem assim e sempre fizeram", avalia.

A agressividade e a antecipação da campanha foram motivo de crítica de outro ator no cenário da disputa presidencial do próximo ano. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), candidato em potencial à Presidência - cujo apoio é também disputado por Dilma e Aécio - criticou o debate antecipado.

"A população está preocupada, o Brasil não cresceu no ano passado como se esperava. Precisamos ajudar a presidente Dilma, ajudar a levar o país ao seu reencontro com o crescimento, que gera oportunidade. Não é preciso ‘eleitoralizar’ tanto a política brasileira assim", disse na última sexta-feira.

Normalidade. A antecipação do calendário e o acirramento do discurso dos dois principais pré-candidatos ao governo federal parecem não incomodar seus apoiadores. Em Minas, o presidente do PT em Belo Horizonte, Roberto Carvalho, joga a responsabilidade para o outro lado. "Eles anteciparam a disputa porque não têm ainda um discurso de propostas", ataca.

Já o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, faz coro ao discurso de Aécio e reafirma o entendimento de que "o PT governa com a lógica da reeleição". Os tucanos mineiros defendem a antecipação para que o nome de Aécio Neves ganhe evidência pelo país.

Fonte: O Tempo (MG)

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