A crise na indústria brasileira engoliu mais de 200 mil empregos em pouco mais de dois anos. Os números são da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE. Trabalhadores industriais estão migrando para setores que mantém fôlego nas contratações, como o comércios os serviços.
Em dois anos, setor industrial fecha mais de 200 mil postos de trabalhos
Emprego. Com indústria desaquecida, trabalhadores migram para o comércio e os serviços, onde ainda há vagas disponíveis; para especialistas, no entanto, o problema dessa migração é a baixa qualidade dos postos de trabalho oferecidos nesses setores
Danieía Amorim, Idiana Tomazelli
Os problemas que a indústria brasileira atravessa já fizeram mais de 200 mil funcionários perder o emprego em pouco mais de dois anos. Os trabalhadores industriais estão migrando para setores que ainda têm fôlego para aumentar as contratações, como o comércio e, principalmente, os serviços, firmando os contornos da mobilidade do mercado de trabalho nacional.
Os números da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, em junho de 2011, a força de trabalho da indústria - que inclui os subsetores de transformação, extrativa e distribuição de eletricidade, gás e água - somava 3,769 milhões de empregados. O resultado foi o maior da série histórica, iniciada em março de 2002.
No mês passado, no entanto, esse número caiu para 3,544 milhões de trabalhadores. Só neste ano, são menos 117 mil vagas nas seis principais regiões metropolitanas do País.
"Hoje se emprega muito menos gente no setor industrial do que há dez anos. Isso é uma tendência de longo prazo. O emprego industrial tende a se reduzir, e a maior parte do emprego disponível é o de baixa qualificação no setor de serviços. Não há nenhuma indicação de que isso possa se reverter (no próximo ano)", afirmou o presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman. ,
Desde o auge do emprego na indústria, na metade de 2011, a população ocupada no setor recuou 6%, apontou o Instituto de Estudos para o Desenvolvi1mento Industrial (Iedi). O cálculo tem com base os dados do IBGE, cuja PME é apurada em seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Salvador e Belo Horizonte.
"Ou seja, 225 mil postos de trabalho foram extintos. Esse dado bate com o da Pesquisa Industrial Mensal: Empregos e Salários (Pimes), também do IBGE. A indústria desacelerou a produção e mandou gente embora mesmo", avaliou o economista-chefe do Iedi, Rogério César de Souza.
São Paulo. Na Região Metropolitana de São Paulo, responsável por cerca de 40% da PME, a participação da indústria na população ocupada encolheu 1,1 ponto porcentual em dois anos. O setor detinha 19,2% da população ocupada em novembro de 2011, mas passou a responder por apenas 18,1% em novembro de 2013.
No ápice do emprego industrial na região, verificado em agosto de 2008 um mês antes da quebra do Lehmann Brothers, que marcou o início da grande crise econômica global -, o setor empregava 1,955 milhão de pessoas. Em novembro deste ano, a indústria local tinha encolhido para 1,762 milhão de funcionários, o equivalente a um corte de 193 mil vagas só em São Paulo.
Por outro lado, a região registrou aumento na participação do comércio, que saiu de uma fatia "de 17,7% da população ocupada em novembro de 2011 para 18,1% em novembro último.
Ao mesmo tempo, o setor chamado de outros serviços -segmento que inclui alojamento, transporte, limpeza urbana e serviços pessoais - passou a contar com uma parcela de 18,3% da população ocupada na Região Metropolitana de São Paulo, ante afatia de 17,2% verificada dois anos antes.
Dessa maneira, a categoria de "outros serviços" ultrapassou a indústria como maior segmento empregador na região, que tem o maior e mais diversificado parque industrial do País.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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