Ninguém soltou fogos. Salvo o tom habitualmente recalcado do presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, para quem "caiu a farsa da formação de quadrilha", no governo Dilma Rousseff e na cúpula petista houve opção preferencial pela alegria comedida.
Há razões para tanto, neste início de campanha presidencial. O motivo básico está naquilo que Joaquim Barbosa, relator do processso do mensalão, evitou dar nome, mas insinuou, com ressentimento:
"Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo" - ele disse, acrescentando: "Porque essa maioria circunstancial [no plenário do STF] tem todo o tempo a seu favor para continuar na sua sanha reformadora".
No tapete jurídico, o nome do jogo agora passa a ser "ação de revisão criminal", instrumento pelo qual a defesa dos mensaleiros poderá recorrer para tentar alterar ou modificar a pena, reclassificar a infração penal e, no extremo, até pedir a absolvição dos réus ou anulação dos processos.
A decisão do STF, dando o dito pelo não dito, nas palavras do ministro Marco Aurélio Mello, abriu essa nova trilha jurídica.
Sua adoção, possibilita ao governo e ao PT uma leitura aplicada à disputa presidencial: se um adversário sacar a "espada" do mensalão, Dilma Rousseff poderá argumentar que o caso ainda está "sub judice", em análise no STF.
Pode parecer frágil, mas já é algo concreto para quem sentia falta de argumentos para entrar na disputa presidencial tendo sobre a cabeça a "lâmina" da condenação e prisão de parte da cúpula petista. E por corrupção.
No palácio e no PT os mais otimistas achavam, ontem, que passou a existir até a possibilidade de José Dirceu sair livre da Papuda a tempo de participar da cerimônia de posse de Dilma, caso ela vença a eleição - coisa que muitos petistas ainda duvidam.
José Casado é jornalista
Fonte: O Globo
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