- Correio Braziliense
A saia justa da campanha petista
Nunca antes na história do partido houve um dilema tão grande no PT, especialmente depois das últimas pesquisas que reforçam o desejo de mudança da população. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do alto do pódio de um governo de oito anos em constante popularidade, não quer ver a campanha de Dilma Rousseff fazendo qualquer comparação com o seu período. Sempre que discursa, compara os 12 anos do PT com a temporada de Fernando Henrique Cardoso. Não quer ser apagado. Afinal, se houver alguma coisa em que ela foi melhor — e os dilmistas garantem que há vários projetos, inclusive o Minha Casa, Minha Vida —, Lula ficará na sombra. E, se não aparecer nada que exalte a administração de Dilma, ela é quem ficará na penumbra do antigo chefe.
Entre alguns integrantes da campanha da presidente, há quem diga que ela, em algum momento, terá que afirmar que programas de seu governo têm números melhores que o do antecessor. Afinal, se ficar nos 12 anos, passa a ideia de muito tempo e tem sempre aquela hora em que o eleitor, ao perceber que a excelência, seja quem for, está há mais de 12 anos mandando, decide trocar para dar a chance a outro. É aí que mora o perigo para o PT e a reeleição de Dilma: um sentimento de mudança latente diante de uma campanha que deseja falar em 12 anos de PT e não em quatro de Dilma. Essa queda de braço está apenas começando.
Dia de vacina...
Às vésperas de seguir para o Ceará, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, telefonou para o deputado Danilo Forte (PMDB-CE), relator do projeto do aumento de 2% no Fundo de Participação dos Municípios. No embalo, trocaram ideias sobre o discurso que o tucano fará amanhã em Juazeiro (CE). Além da recuperação das receitas municipais, Aécio anunciará um programa para recuperar o poder aquisitivo do Bolsa Família.
...Contra o medo
O deputado lembrou ao senador tucano que está muito forte, entre os aliados da presidente no estado, a ideia de espalhar que Aécio ou Eduardo Campos (PSB), se eleitos, acabariam com o programa de transferência de renda, o que não é verdade. Daí, a preocupação dos tucanos em aproveitar a viagem para reforçar a permanência do Bolsa Família como programa de estado que hoje ajuda na economia dos municípios.
Debate no espelho
O Ministério do Trabalho pretende fazer uma comissão para estudar a legislação trabalhista rural e chamou, até agora, apenas as entidades representativas dos empregados. O produtor ficou a ver navios. Os ruralistas não gostaram. Mais uma prova de que não é à toa que setores do agronegócio estão arredios à reeleição da presidente.
Vai passar logo ali
Os juízes eleitorais vão tomar a frente de defesa da Proposta de Emenda Constitucional 63, sobre a carreira da magistratura. Assim, justamente em ano eleitoral, esperam "sensibilizar" o Congresso a aprovar o novo plano de carreira dos magistrados. Há quem diga que esse argumento será muito mais forte do que o da AMB, sobre juízes desistindo da carreira para obter uma remuneração melhor com menos trabalho. Afinal, o salário da classe está na faixa dos R$ 18 mil.
Sobrou para ele/ O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (foto), entra em férias em boa hora. Dentro do governo, há quem esteja doidinho para responsabilizá-lo pela não aprovação dos nomes dos diretores da Agência de Energia Elétrica (Aneel).
Chamou lá fora/ Se brincar, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) vai comprar briga com seus colegas de parlamento, depois do duro discurso contra a rolagem da dívida do Rio Grande do Sul na semana passada. "Esse assunto virou um jogo de amigos, em que um aprova o pedido de rolagem do outro. Isso está beirando a irresponsabilidade", disse ele.
Agora vai!/ Eles já estão nas ruas há tempos, mas este fim de semana vem sendo tratado pelos candidatos como a largada oficial das campanhas eleitorais, depois do "luto" pela derrota da Seleção Brasileira na Copa e a última semana "cheia" do Congresso.
Humildade zero/ Diante da campanha que começa agora, os atentos observadores da cena política juram que só veem os candidatos dizendo que já ganharam as eleições, sem, no entanto, declarar que quem manda é o povo. Chegou ao ponto de alguns políticos brincarem: "Nesta eleição, em que todos prometem e se dizem vitoriosos, São Francisco tirou férias". Faz sentido.
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