• Plano federal atenderia entidades de classe e rivaliza com Mais Médicos, vitrine do governo Dilma
• Candidato do PSB, que tenta alavancar nas pesquisas, já havia prometido passe livre no início da semana
Ranier Bragon e Marina Dias – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Na tentativa de se firmar como uma opção viável à polarização entre o PT e o PSDB e decolar nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, vai lançar nos próximos dias novas promessas de governo.
Está pronta para sair do forno uma proposta na área de saúde que atende a uma antiga reivindicação das entidades de classe e rivaliza com o Mais Médicos, uma das vitrines da campanha à reeleição de Dilma Rousseff (PT).
Trata-se da criação de um plano de carreira federal para médicos, com evolução salarial ao longo dos anos, entre outros benefícios.
A campanha do ex-governador de Pernambuco estuda lançar a ideia na inauguração do comitê central de Campos, nesta segunda (21), na zona sul de São Paulo.
Com a proposta, o candidato agrada as entidades médicas que rejeitaram o Mais Médicos, cujo objetivo é suprir a carência de profissionais nas periferias e também no interior do Brasil.
A principal crítica é quanto à vinda de médicos estrangeiros --os cubanos somam cerca de 80%-- sem diplomas revalidados. A solução defendida é a melhora da infraestrutura dos serviços de saúde e a promoção de carreira de Estado para os médicos.
Não existe hoje uma carreira federal no país. Há somente concursos federais para determinados hospitais e instituições, e carreiras nos âmbitos estadual e municipal.
Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto --8% no Datafolha--, Campos tem como meta superar o também oposicionista Aécio Neves (PSDB), que tem 20%, e seguir para um segundo turno contra Dilma.
A série de promessas feitas por Campos nas últimas semanas tem ainda como objetivo diferenciá-lo do tucano, classificado pelo pernambucano como integrante da "oposição conservadora".
Campos já prometeu passe livre para estudantes durante encontro com universitários de escolas públicas e privadas de São Paulo, como mostrou a Folha.
Disse a empresários que irá apresentar em agosto proposta de emenda constitucional para a reforma tributária, e sua campanha confirma que defenderá o fim do fator previdenciário --que reduz o valor da aposentadoria de quem deixa o trabalho mais cedo.
Na relação da União com os municípios, Campos diz que pretende desburocratizar o sistema de repasse de verbas federais às prefeituras, além de aumentar o valor.
A ideia é replicar nacionalmente um programa que ele instituiu em Pernambuco: o de dar às prefeituras, para investimento em infraestrutura, uma parcela extra anual equivalente a um mês de repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios).
Ainda não há, entretanto, detalhamento de onde viria o dinheiro para cumprir todas essas promessas. Campos diz que sua equipe trabalhará nisso até o fim do mês, quando fica pronta a nova versão de seu programa.
"O objetivo de uma candidatura é anunciar políticas públicas e de governo diferentes das já aplicadas. Essa é a natureza de uma candidatura de oposição que se preze", explica Carlos Siqueira, coordenador-geral da campanha do ex-governador.
Colaborou Johanna Nublat, de Brasília
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