• Servidores foram orientados a estudar temas de encontro de candidatos
Geralda Doca e Cristiane Bonfanti – O Globo
BRASÍLIA - Funcionários de vários órgãos dos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda - como Receita Federal, Tesouro Nacional, Secretarias de Acompanhamento Econômico e de Política Econômica, além da própria secretaria executiva da pasta - foram encarregados de se preparar para o debate eleitoral que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fará amanhã com os três principais candidatos a presidente da República.
Segundo fontes, que pediram para não ser identificadas, servidores receberam ontem pela manhã a missão de dissecar o conjunto de 42 estudos encomendados pela CNI com sugestões em 10 áreas apontadas pela entidade como "decisivas para promover a competitividade". A determinação causou mal estar entre os membros da equipe, por se tratar de órgãos de Estado, que não deveriam ter qualquer vinculação com o comitê de campanha da presidente.
- A ordem foi estudar as propostas para nos preparar para o debate. A gente não deveria estar fazendo isso, mas estamos prestando uma espécie de consultoria pública - contou uma fonte, acrescentando que a ordem teria partido do comitê da campanha da presidente Dilma Rousseff ainda no fim de semana.
A assessoria de imprensa da CNI disse ter enviado os estudos aos organizadores da campanha de Dilma, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Procurado, o comitê da campanha da presidente nega que tenha despachado as propostas para os ministérios. A assessoria da pasta de Minas e Energia diz desconhecer o documento e a da Fazenda não respondeu.
No entanto, fontes ouvidas pelo GLOBO confirmam que este tipo de determinação é uma prática recorrente. Teria ocorrido inclusive em 2010.
Ao divulgar os estudos, a CNI avaliou que é possível melhorar o ambiente de negócios no país e reduzir o custo dos investimentos com modificações no sistema tributário. Estudo apresentado pela confederação mostra, por exemplo, que o custo final de instalação de uma siderúrgica no Brasil é elevado em 10,6% pelos efeitos dos tributos sobre bens e serviços.
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