• Confiança do empresário do setor ficou abaixo de 100 pontos em julho, indicando pessimismo, revela pesquisa da Fecomércio de SP
Márcia de Chiara - O Estado de S. Paulo
O mau humor predominou entre os empresários do comércio este mês. Pela primeira vez em pouco mais de três anos, o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (ICEC) ficou abaixo de 100 pontos em julho na Região Metropolitana de São Paulo, o que indica pessimismo. Foi o menor resultado da pesquisa, iniciada em março de 2011 pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).
"A confiança bateu no fundo do poço", afirma o assessor econômico da Fecomércio-SP, Fábio Pina. O ICEC deste mês ficou em 98,6 pontos, com recuo de 2,5% ante junho. Em 12 meses até julho, o indicador caiu 10,4% e, neste ano, 17,2%.
O economista destaca que faz seis meses que tanto a confiança dos empresários como a do consumidor só caem e essa deterioração das expectativas é o principal problema do varejo.
Por causa do pessimismo generalizado, Pina acredita que o faturamento do comércio na Região Metropolitana de São Paulo deve ter fechado o primeiro semestre deste ano com crescimento de apenas 1,5% em relação ao mesmo período de 2013, descontada a inflação. Para este ano como um todo, a expectativa é de um acréscimo entre 1% e 2% na receita real das lojas, depois do avanço de 4% registrado em 2013.
A desaceleração de vendas no varejo é endossada pelas projeções do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que reúne grandes redes varejistas. Para este mês, a expectativa é que as vendas cresçam 1,1% em relação a julho de 2013, depois de terem aumentado 4,4% em junho, na comparação anual.
Nem mesmo a decisão do governo de injetar mais dinheiro na economia, reduzindo os depósitos compulsórios que os bancos têm de fazer com o Banco Central, deve impulsionar a atividade do comércio, segundo avaliação de Pina. Tanto é, diz ele, que em resposta a essa decisão anunciada na última sexta-feira, os juros subiram no mercado futuro. Isso indica que o mercado acredita que a medida deve provocar mais inflação, em razão da maior liquidez na economia, do que acréscimo nas vendas a prazo.
Duráveis. Um dos destaques do ICEC deste mês é a baixa confiança dos empresários do varejo do segmento de duráveis, geralmente itens de maior valor, como carros, eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, cujas vendas estão ligadas ao crédito e que foram beneficiadas pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido. Entre os três segmentos pesquisados (bens duráveis, semiduráveis e não duráveis), o menor nível de confiança dos empresários do comércio neste mês foi observado no varejo de duráveis, que recuou para 91,8% e desde maio deste ano está baixo de 100. O ICEC varia entre zero e 200 pontos. Abaixo de 100 pontos indica pessimismo e acima de 100 pontos, otimismo.
Outra influência desfavorável captada pelo indicador diz respeito à propensão dos empresários do comércio para fazer investimentos. Em julho, esse item que compõe o ICEC, fechou em 96.1 pontos, o mais baixo da série em mais de três anos. Segundo Pina, o indicador de investimentos está amparado na visão dos empresários em relação às incertezas sobre o futuro. Tanto é que a maior alta que houve de junho para julho ocorreu no indicador de expectativas, que recuou 3,1%, enquanto o de condições atuais teve retração menor, de 2% no mesmo período.
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