Raphael Di Cunto e Bruno Peres – Valor Econômico
BRASÍLIA E ALTAMIRA (PA) - A rejeição à presidente Dilma Rousseff em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, foi alvo de preocupação na reunião da Executiva do partido, ontem em Brasília. Pesquisas recentes mostram que Dilma empata, e em algumas sondagens até perde, do senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Estado.
Segundo petistas ouvidos pelo Valor PRO, o presidente da sigla, Rui Falcão, fez um cenário positivo sobre a situação de Dilma no Nordeste - região que lhe deu a maior votação em 2010 -, no Rio de Janeiro e no Sul do país, onde o PT tradicionalmente tem dificuldade, mas neste ano conta com apoio de candidaturas competitivas aos governos estaduais para dar suporte à eleição nacional.
Ao descrever a situação em São Paulo, contudo, Falcão demonstrou maior preocupação e disse que a campanha concentrará as ações no Estado para melhorar a imagem de Dilma. "A eleição no Estado ainda está aberta, mas não podemos deixar consolidar essa rejeição. Isso tem segurado as intenções de voto no resto do país", disse um dos presentes à reunião.
A estratégia será alavancar a candidatura do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), que patina com 5% das intenções de voto nas pesquisas, mas, na avaliação do partido, tem espaço para pelo menos triplicar esse percentual.
A presidente visitou ontem o canteiro das obras da hidrelétrica de Belo Monte, maior usina totalmente nacional e terceira maior do mundo, em Altamira (PA), com 54% das obras concluídas. Intercalando uma agenda simultânea de campanha e de governo, Dilma registrou imagens e gravou depoimentos para o programa eleitoral na TV.
Após o trabalho coordenado pela equipe do marqueteiro João Santana no canteiro da obra, Dilma conversou e almoçou com operários do empreendimento e defendeu, em entrevista à imprensa, o potencial hidrelétrico do país, definido como "uma grande vantagem do Brasil" a ser explorada. O roteiro da presidente incluiu um sobrevoo a Almeirim (PA) para uma visita à linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus.
Disse que não é possível estimar com exatidão o impacto do socorro financeiro às distribuidoras de energia sobre as tarifas no ano que vem. "Depende do grau de pessimismo e do 'quanto pior, melhor' que se quiser", comentou.
Dilma disse que o país não pode "conviver" com parte da população morando em palafitas, como ainda ocorre nas imediações da construção da usina, e que o governo acompanhará "permanentemente" a situação das famílias removidas da região. Para ela, o modelo de residência proposto pelo consórcio responsável pelo empreendimento possui "um tipo de configuração bem razoável". "Para nós, é um valor que essas família sejam colocadas em moradias dignas".
Questionada sobre o impacto do empreendimento e as compensações ambientais, rebateu: "Você preferia ficar sem luz? Pagar bastante caro pela tarifa de energia também, né?", respondeu a presidente, em tom irônico, alegando que respondia a uma provocação.
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