• Candidato anunciou medidas sem dar detalhes de como implementá-las
• No Rio. Ao lado da vice, Marina Silva, Campos não quis se posicionar sobre a usina de Belo Monte
Pedro Kirilos – O Globo
Revisão do fator previdenciário e da tabela do imposto de renda, reforma tributária, fortalecimento do serviço público. Num dia de agenda no Rio ontem, o candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, não poupou munição ao fazer promessas e agregar novos compromissos aos que vêm assumindo, como o passe livre a estudantes. Na maioria das vezes, ele não entrou em detalhes sobre como implementar as medidas, que, segundo especialistas, teriam forte impacto nos cofres públicos. Mas se firmou em seu governo em Pernambuco para assegurar que, se eleito, cumpriria as propostas.
- Estamos falando de quatro anos. Vamos ter tempo para fazer a reforma tributária, equilibrar as contas públicas, fazer do ensino em tempo integral uma realidade e ter o passe livre. Já governei um estado. E todos os compromissos que assumi cumpri - disse o candidato, ao ser questionado sobre a viabilidade das propostas.
Carga tributária não aumentaria
A revisão do fator previdenciário (usado no cálculo das aposentadorias) foi citada em entrevista a uma rádio, na qual explicou apenas que articulará "um intenso debate" sobre o assunto. Depois, diante de representantes de sete entidades do fisco, foi enfático no tom das promessas. Recebeu de sindicatos e associações documento com proposições como redução da carga tributária sobre consumo. Disse que muitos dos números coincidiam com os dele. Mas que os pormenores precisavam ser analisados. Não sem antes afirmar:
- Serei o primeiro presidente do ciclo democrático que se compromete a não aumentar a carga tributária.
Segundo o candidato, ele apresentaria uma proposta de reforma tributária ao Congresso já na primeira semana de seu mandato. E sugeriu a redução dos tributos aos mais pobres, assim como o reajuste da tabela do Imposto de Renda.
- A tabela tem uma defasagem de 60%, acumulada desde o governo do PSDB até agora. Precisamos fazer justiça e reajustá-la de maneira que não tenhamos a realidade de hoje, de uma pessoa que ganha R$ 1.800 pagando imposto de renda - declarou ele, que, à noite, numa reunião na Academia Brasileira de Ciências, afirmou ainda que, em seu governo, os investimentos públicos e privados em Ciência e Tecnologia chegariam a 2%.
O tributarista Ilan Gorin diz que, antes de prometer a reforma tributária, a prioridade dos candidatos deveria ser um plano de corte de despesas públicas, identificando quanto o governo pode abrir mão da arrecadação. Já sobre a revisão do fator previdenciário, outro tributarista, Rubens Branco, afirmou que, apesar de ser favorável ao bolso do trabalhador, provocaria um rombo na Previdência (só nos últimos seis meses teve déficit de R$ 23 bilhões), fazendo com que a União tivesse de remanejar gastos ou aumentar os impostos.
Ainda ontem, Campos também comentou a crise no setor energético e disse que, se eleito, a Petrobras será blindada do que chamou de "politicagem". No entanto, ao lado da candidata a vice, Marina Silva, não respondeu ao ser perguntado se era a favor ou contra a construção da usina de Belo Monte. (Carina Bacelar , Fabiola Leoni, Rafael Galdo e Raphael Kapa)
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