• Diplomatas estão há meses esperando na fila para apresentar credenciais
Eliane Oliveira – O Globo
BRASÍLIA - Há pelo menos 28 embaixadores estrangeiros aguardando uma convocação do Palácio do Planalto para apresentarem suas credenciais e se tornarem, oficialmente, os representantes de seus países no Brasil. Em campanha, a presidente Dilma Rousseff parou de receber os embaixadores em audiência para o ato que oficializa junto ao governo brasileiro a troca de comando na representação estrangeira. A longa fila vem provocado constrangimentos no meio diplomático.
Segundo fontes de delegações estrangeiras em Brasília, entre os embaixadores que aguardam ser recebidos por Dilma estão os de Venezuela, Nigéria, Japão, Chile, Alemanha, Cuba, Turquia e Paraguai. Alguns, como o embaixador paraguaio Manuel Maria Cáceres, estão há quase um ano no país e ainda não podem representar seus países. Esse tipo de tratamento, segundo fontes diplomáticas, é uma descortesia e prejudica a imagem do Brasil no exterior.
A última vez em que Dilma recebeu credenciais de embaixadores estrangeiros foi em outubro do ano passado. Na época, 19 diplomatas foram convidados para um almoço, no Itamaraty, pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. Eles representavam, entre outros países, Estados Unidos, França, Reino Unido, Botsuana, Líbano, Honduras e Coreia do Norte.
Em nota, o Palácio do Planalto informou que, desde 2011, Dilma participou de sete cerimônias públicas e recebeu 97 credenciais de embaixadores. "Em 2014, em razão dos grandes eventos internacionais realizados no país e do calendário eleitoral em curso, não se realizaram, até o momento, cerimônias de entrega de credenciais. A próxima cerimônia já vem sendo programada pela Presidência da República e deverá ser anunciada oportunamente", diz a nota.
Na última sexta-feira, um dos maiores jornais do Paraguai, o "Última Hora", publicou um editorial chamando de "desconsideração" o fato de Dilma não ter recebido as credenciais do embaixador Manuel María Cáceres, oito meses depois dele ter desembarcado em Brasília. Para o diário, é uma afronta ao país vizinho.
"O governo do presidente Horácio Cartes deveria instruir a Chancelaria Nacional para que adote medidas recíprocas, para manifestar o desagrado que essa ação hostil supõe. A mandatária de uma nação que pretende ser séria não deve transformar as relações bilaterais com os vizinhos em questões de caráter puramente eleitoral", diz um trecho do editorial, sugerindo que Cartes chame o embaixador paraguaio de volta a Assunção.
"O que o governo de nenhuma maneira deve fazer é assistir impassível o comportamento impróprio das autoridades de um país vizinho, especialmente quando esse comportamento implica diretamente ignorância ou desprezo pela respeitabilidade de toda a nação", destaca o diário. "Os paraguaios não temos nada a ver com a agenda eleitoral do Brasil, ou com o desejo de suas autoridades se reelegerem".
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