• Por 359 votos a 1, André Vargas foi punido por relação com um dos pivôs do escândalo na Petrobras
• Ex-deputado deixou a cúpula da Câmara após a Folha revelar que ele fez uma viagem em jato bancado por doleiro
Márcio Falcão, Andréia Sadi - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Acusado de envolvimento com um dos pivôs do escândalo de desvio de dinheiro da Petrobras, André Vargas (ex-PT-PR) teve seu mandato cassado nesta quarta-feira (10) pela Câmara dos Deputados e fica inelegível até 2022.
A perda do mandato foi aprovada, em votação aberta, por 359 votos --eram necessários 257-- contra 1, o do petista José Airton (CE). Seis deputados se abstiveram.
Dos 87 parlamentares da bancada do PT, 53 participaram da votação. O presidente da sigla, Rui Falcão, orientou o voto pela cassação.
Vice-presidente da Câmara na época em que veio à tona seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, Vargas era um dos principais defensores no Congresso dos petistas presos no mensalão.
Após o resultado da votação, Vargas disse à Folha que "ceifaram um pedaço" de sua vida. Ele afirmou que a sua cassação será "mais um parâmetro para os demais julgamentos que virão com a delação premiada" de Youssef e também do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O ex-petista, que não compareceu à sessão, disse ter sido cassado por causa da "patrulha da mídia" e que recebeu tratamento diferenciado ao de Luiz Argôlo (SD-BA), que trocou mais de mil mensagens de texto com Youssef.
O processo do deputado baiano ainda está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e corre o risco de não ter desfecho antes do Congresso entrar em recesso.
Vargas deixou a cúpula da Câmara e o PT após a Folha revelar que ele fez uma viagem com a família em um jato bancado por Youssef.
Em agosto, o Conselho de Ética considerou que ele quebrou o decoro parlamentar por esse episódio e por intermediar, no Ministério da Saúde, negócios do doleiro.
A vaga de Vargas será ocupada pelo peemedebista Marcelo Beltrão de Almeida (PR).
Manobra
A votação ocorreu apesar de uma operação deflagrada por Vargas e por colegas do PT para tentar derrubar a sessão. Após destituir seu advogado de defesa, o petista enviou atestado médico ao comando da Câmara alegando que, por um procedimento cirúrgico, não poderia estar presente para se defender, e solicitou que a votação fosse adiada para depois do dia 16.
Aliado de Vargas, o deputado José Mentor (PT-SP) chegou a encerrar a sessão por falta de quorum.
O gesto irritou o relator do processo, Julio Delgado (PSB-MG), o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PSD-SP), e líderes da oposição, que cobraram do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) a reabertura dos trabalhos.
Com a ausência de Vargas, Eurico Júnior (PV-RJ) leu sua defesa em plenário e ponderou os argumentos usados pelo ex-petista de que o conselho cerceou seu direito de defesa e baseou-se em provas ilícitas, entre outros pontos.
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