• Ex-presidente discutiu reforma ministerial com Dilma Rousseff
Fernanda Krakovics, Simone Iglesias e Maria Lima - Globo
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem, em uma série de reuniões com as bancadas do PT no Congresso e com a presidente Dilma Rousseff, a composição ministerial e as estratégias de reação aos ataques da oposição por causa da Operação Lava-jato, da Polícia Federal. Lula cobrou mobilização e reclamou que não está havendo uma defesa à altura.
Em um café da manhã que durou quatro horas com deputados e senadores, a ordem foi endurecer o discurso.
- É para responder tudo e botar o dedo na cara dos tucanos que não apuram nada - contou um dos presentes.
O ex-presidente teve que acalmar parlamentares que reclamaram da falta de diálogo com a presidente Dilma. Os mais exaltados eram o deputado Arlindo Chinaglia (SP), e os senadores Walter Pinheiro (BA) e Jorge Viana (AC).
Reforma ministerial
Sobre a reforma ministerial, houve reclamação especialmente em relação ao papel do ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Depois do café com os 15 parlamentares mais próximos, Lula almoçou com Dilma para tratar das trocas na Esplanda. A presidente deverá finalizar as conversas sobre o espaço do PT no governo na semana que vem. As principais tendências do partido já apresentaram suas reivindicações ao presidente nacional da legenda, Rui Falcão.
Dilma deve anunciar até 12 nomes do novo ministério nos próximos dias, segundo interlocutores do Planalto.
Mensalão
Lula comparou o escândalo na Petrobras ao processo do mensalão e disse que, quando a investigação chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), a imprensa já terá condenado o PT. Segundo ele, há uma tentativa de "difamar" e "destruir" o partido, que estaria sendo atacado "de todos os lados", com "artilharia leve e pesada".
Em outro evento da legenda, preparatório para o Congresso do PT no ano que vem, Lula, Falcão e o governador da Bahia, Jaques Wagner, conclamaram a militância a dar uma demonstração de força na posse de Dilma, fazendo uma grande festa popular em Brasília.
- Eu perdi 1989, e todo mundo sabe como perdi, entretanto não fiquei na rua protestando, fui me preparar para a outra - disse Lula.
Com o pedido de demissão de Jorge Hage da Controladoria-Geral da União (CGU), O GLOBO apurou que o secretário-executivo da Casa Civil, Valdir Simão, irá para a pasta. Mas, por meio de nota, ele disse que não recebeu ainda nenhum convite para assumir o ministério e que continua "desempenhando normalmente" suas atividades na Casa Civil.
- Continuo desempenhando normalmente minhas atividades de secretário - disse.
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