• Líderes de países e chefes de organismos internacionais, cristãos, árabes e judeus, rechaçam terrorismo
PARIS - Logo após o brutal atentado terrorista à redação do semanário de humor "Charlie Hebdo" ocupar as manchetes dos jornais ao redor do globo, líderes mundiais, chefes de Estado e de organismos internacionais manifestaram repúdio ao ataque, que, entre outras qualificações, classificaram como "bárbaro", "cínico", "covarde" e "abominável". Do mundo árabe ao Ocidente, passando por Israel, manifestaram apoio à França. Os discursos também ressaltam que foi um atentado à democracia e à liberdade de expressão e de imprensa.
No Brasil, a presidente Dilma Roussef, em nota oficial, classificou o atentado de "sangrento e intolerável". "Esse ato de barbárie, além das lastimáveis perdas humanas, é um inaceitável ataque a um valor fundamental das sociedades democráticas - a liberdade de imprensa", enfatiza a nota, na qual Dilma presta solidariedade aos familiares das vítimas, ao povo francês e ao presidente François Hollande.
Em entrevista coletiva em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou "nos termos mais fortes o horrível atentado":
- A França é o aliado mais antigo dos Estados Unidos e tem se mantido firme e junto, ombro a ombro, na luta contra os terroristas que ameaçam nossa segurança compartilhada e nossa visão no mundo - afirmou Obama. - Estamos em contato com autoridades francesas, e eu direcionei meu governo a fornecer toda a assistência necessária para ajudar a levar esses terroristas à Justiça.
ONU: mundo não pode cair nessa armadilha
De Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, também condenou "energicamente esse crime cínico e o terrorismo em todas as formas". De acordo com o porta-voz da Presidência, Dmitry Peskov, Putin expressou suas condolências aos franceses.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se disse "ultrajado" pelo atentado "a sangue frio, desprezível, horrível e injustificado":
- Foi um ataque direto à democracia, à mídia e à liberdade de expressão. O ataque pode ter tido a intenção de dividir. Peço ao mundo que não caia nessa armadilha e se mantenha firme a favor da liberdade de expressão e da tolerância, e contra as forças que causam ódio e divisão.
Na Europa, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, que estava num encontro em Londres com o premier britânico, David Cameron, também disse que "de nenhuma maneira isto pode ser justificado".
- Esse ato abominável não é só um ataque contra as vidas de cidadãos franceses e sua segurança. É também um ataque contra a liberdade de expressão e à imprensa, elementos centrais da nossa cultura livre e democrática - ressaltou Merkel.
Cameron disse que "os assassinatos em Paris são uma aberração" e que "a liberdade de expressão e a democracia, essas pessoas (os terroristas) nunca poderão arrebatar nossos valores". A rainha Elizabeth II, em nome dela e do príncipe Philip, enviou "sinceras condolências às famílias" das vítimas, numa carta com selo da realeza britânica.
"Esse ataque é um ato intolerável, uma barbárie que nos concerne a todos como seres humanos e como europeus", disse, em comunicado, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Em Roma, o premier italiano foi à Embaixada da França na Itália manifestar solidariedade:
- Somos todos franceses. Hoje, chora toda a Europa, todos os que creem na liberdade e na razão - disse Matteo Renzi, que, antes, já havia escrito no Twitter: "A violência sempre perderá para a liberdade."
E no Vaticano, o Papa Francisco, através de um comunicado pela Secretaria de Imprensa da Santa Sé, exortou a "todos a se oporem com todos os meios à propagação do ódio e de toda forma de violência, física e moral, que destrói a vida humana, viola a dignidade das pessoas e mina a convivência pacífica entre pessoas e povos". O semanário "Charles Hebdo" também já publicou sátiras sobre a Igreja, com charges de Papas e do próprio Vaticano.
Árabes e judeus também recriminaram o ataque terrorista. No Cairo, a Universidade al-Azhar, referência sunita global, classificou o ataque como "criminoso" e disse que "o Islã condena todo tipo de violência". Também na capital egípcia, a Liga Árabe disse que os assassinatos foram um "ato terrorista". O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Chukri, disse que seu país apoia a França na luta "contra o terrorismo, que requer um esforço internacional conjunto". No Irã, a porta-voz da diplomacia do país, Marzieh Afkham, chamou o atentado de "a continuidade de uma onda de radicalismo e violência sem precedentes" e que "qualquer ato terrorista contra inocentes é alheio ao pensamento e aos ensinamentos do Islã".
Entretanto, fez uma ressalva:
- Utilizar a liberdade de expressão e as ideias radicais e humilhar as religiões divinas e seus símbolos é inaceitável - disse ela, criticando ainda a violência cometida contra os palestinos por Israel.
Por sua vez, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, pediu unidade na "luta determinada contra o terrorismo islamista":
- O terrorismo islamista não tem fronteiras. Aponta para destruir todas as sociedades dos países livres e busca desarraigar toda cultura humanista para impor em seu lugar a tirania.
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