Raphael Di Cunto e Thiago Resende – Valor Econômico
A possibilidade de abertura de um inquérito para apurar suposto envolvimento do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), em desvios investigados na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF), foi alvo de fortes críticas de parlamentares da legenda, que acusaram armação contra a candidatura do pemedebista à presidência da Casa, e vista com ceticismo por oposicionistas.
Na quarta-feira, o jornal "Folha de S. Paulo" publicou que investigadores que atuam no caso analisam suspeitas de que Cunha teria recebido dinheiro do esquema por meio do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o "Careca", que seria responsável por entregar dinheiro para pessoas indicadas pelo doleiro Alberto Youssef.
A suspeita deve-se, segundo o jornal, a depoimento em que o policial diz ter entregado dinheiro em uma residência que "tinha ouvido falar" ser do pemedebista. Diante desta declaração, diz a "Folha", o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá em fevereiro ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para saber se o pemedebista participou do esquema.
Cunha, que sempre negou qualquer envolvimento nos desvios, disse pelo Twitter que o endereço citado é bem diferente do seu e que não conhece Oliveira Filho nem Youssef. "O tal depoimento não me acusa de nada, é uma tentativa política de me constranger que não vou aceitar", escreveu. "É lamentável que oponentes meus usem desse expediente baixo tentando me desqualificar. Se a pólvora da bomba deles é dessa qualidade, será tiro de festim na água."
O candidato do PT à Presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), não quis comentar a notícia. Um de seus coordenadores de campanha, o deputado Vicente Cândido (PT-SP), afirmou que a denúncia parece incipiente e que não é por esse caminho que o partido quer levar a disputa. "Estou torcendo para que seja verdade a incipiência da matéria porque essa acusação não é boa para o Brasil nem para o Parlamento. Não é esse o debate que queremos fazer", disse.
A avaliação de que a denúncia não terá impacto na eleição também foi feita pelo PMDB. "Não tem densidade nenhuma. Pelo contrário, vai acabar fortalecendo. O Eduardo foi citado como citaram o Lula, sem provas", afirma o vice-líder do partido, deputado Lúcio Vieira Lima (BA).
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