“Certamente o projeto de realizar um diagnóstico crítico do tempo presente e de sempre atualizá-lo em vista das transformações históricas não é, em si, uma invenção de Habermas. Basta se reportar ao ensaio de Max Horkheimer sobre "Teoria Tradicional e Teoria Crítica", de 1937, para dar-se conta de que é essa maneira fecunda pela qual se segue com a Teoria Crítica. Contudo, se em cada diagnóstico atualizado é possível entrever uma crítica ao modelo teórico anterior, não se pode deixar de reconhecer que Habermas elaborou a crítica interna mais dura e compenetrada de quase toda a Teoria Crítica que lhe antecedeu -- especialmente Marx, Horkheimer, Adorno e Macuse. Entre os diversos aspectos dessa crítica, particularmente um é decisivo para compreender o projeto habermasiano: o fato de a Teoria Crítica anterior não ter dado a devida atenção à política democrática. Isso significa que, para ele, não somente os processos democráticos trazem consigo, em seu sentido mais amplo, um potencial de emancipação, como nenhuma forma de emancipação pode se justificar normativamente em detrimento da democracia. É em virtude disso que ele é também um ativo participante da esfera pública, como mostra boa parte de seus escritos de intervenção.”
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Antonio Ianni Segatto, Denilson Luiz Weber, Luis Repa, e Rúion Melo. (Cf. Apresentacao do livro J. Habermas. Conhecimento e interesse. São Paulo, Unesp, 2014. Tradução de Luis Repa).
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