Deco Bancillon – Brasil Econômico
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, criticou ontem, de maneira indireta, a política econômica executada pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, e sugeriu que os estímulos fiscais concedidos a setores específicos da economia não só foram "ineficazes" para alavancar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), como acabaram por "comprometer" os fundamentos da economia no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff. "As políticas que funcionaram em 2008, os estímulos (concedidos), não produziram crescimento nos últimos dois anos.
Mas acabaram por, digamos assim, afetar os fundamentos macroeconômicos, em particular os colchões de proteção que nós tínhamos na área fiscal", disse Tombini, ao participar de audiência pública na Câmara dos Deputados, na tarde de ontem. O comandante da política monetária, que também participou da equipe econômica durante o primeiro mandato de Dilma, fez questão de elogiar as ações implementadas pelo sucessor de Guido Mantega no Ministério da Fazenda. Para ele, medidas como cortes de gastos e aumento de impostos, que fazem parte do receituário de Joaquim Levy para arrumar as contas públicas, devem produzir impacto negativo na economia no curto prazo, mas, ao longo do tempo, tendem a restabelecer a solidez da política fiscal e melhorar o ambiente de negócios no país.
"O que se está se fazendo agora é restabelecer esses fluxos fiscais, de modo a ajustar perdas de receita (resultantes) de ajustes de política fiscal do passado", emendou o presidente do BC. A alta de juros, sob essa visão, seria um "remédio que, infelizmente, tem que ser aplicado neste momento", disse Tombini, acrescentando que, tão logo os ajustes produzam efeito, as condições para o investimento devem melhorar. Embora tenha sido mais explícito que de costume, o discurso de Tombini foi praticamente o mesmo que fez na última sexta-feira num evento no Rio. A maior mudança foi o que deixou de falar, disse a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour: "Antes, ele vinha repetindo que a política monetária foi, está e continuará vigilante. Agora, ele não falou isso, o que muita gente interpretou como um sinal de que o BC talvez esteja se preparando para uma redução na intensidade do ajuste"
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