Fernanda Krakovics, André de Souza, Mariana Sanches e Lucianne Carneiro – O Globo
• Ex- presidente do BC teme que ajuste se limite a aumento de impostos
BRASÍLIA, RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO - Os comandantes da política econômica dos governos tucanos, o ex- ministro da Fazenda Pedro Malan e o ex- presidente do Banco Central Armínio Fraga, demonstraram ontem descrença em relação ao ajuste fiscal proposto pelo governo Dilma Rousseff.
Armínio disse temer que o ajuste fiscal em curso se concentre em aumento de impostos:
— Eu temo que, no final das contas, nós acabemos aumentando mais imposto do que cortando gasto. E temo também pela qualidade dos cortes. E temo que mais adiante esse ajuste não seja suficiente — afirmou Armínio, após participar de seminário do Instituto Brasiliense de Direito Público ( IDP), em Brasília.
Segundo ele, a entrada de Levy no governo petista está ligada à condição econômica difícil do país.
— Acho que todo mundo sabia o que estava fazendo. Agora, se eles vão se entender ou não, são outros quinhentos — afirmou Armínio.
Já o ex- ministro Pedro Malan disse que o governo é vítima de suas próprias “armadilhas” e “emboscadas”:
— O governo às vezes tem que lidar com armadilhas, como é o caso da situação atual, que são da sua própria lavra, por determinadas decisões que agora têm que ser enfrentadas a um custo elevado — apontou Malan, durante uma palestra para cerca de 150 estudantes organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC- Rio.
Malan citou que, no governo Lula, foi tomada a decisão de acelerar o crescimento da economia brasileira com a liderança do setor público e das empresas estatais, o que ampliou os gastos públicos.
Para o ex-ministro, “o Orçamento ainda tem gordura”, e é preciso fazer uma avaliação criteriosa dos programas do governo.
— Isso deveria estar sendo feito ministério por ministério, e não está. É difícil fazer quando se tem 39 ministérios — criticou o ex-ministro.
Em São Paulo, a ex-candidata à Presidência Marina Silva (PSB) também atacou as medidas adotadas pelo governo federal e se juntou a algumas correntes petistas, ao argumentar que os trabalhadores é que estão sendo penalizados pelos cortes propostos pelo governo Dilma:
— No momento em que a população mais precisa de seguro-desemprego porque está ficando desempregada, são criadas barreiras para o acesso ao seguro-desemprego. No momento em que a sociedade precisa ser treinada para ter a esperança de um novo posto de trabalho, estão reduzindo os recursos do Pronatec pela metade. Há uma contradição muito grande entre as necessidades reais do país e aquilo que está sendo feito.
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