Por Raquel Ulhôa – Valor Econômico
BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, defendeu ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, criticado por petistas por sugerir a renúncia da presidente Dilma Rousseff como "gesto de grandeza" para tirar o país da crise, e disse que, para a população, ela não governa mais o Brasil. Aécio não foi tão enfático ao avaliar a renúncia, por se tratar de gesto unilateral, não esperado por parte de Dilma. Mas é considerada a solução menos traumática.
Aécio anunciou a filiação ao PSDB, em 29 de agosto, do governador Pedro Taques, do Mato Grosso. Ex-senador do PDT, Taques teve atuação alinhada com a oposição no Legislativo. O PSDB já ocupa os governos de São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Pará.
"Pedro Taques mostrou sua retidão moral e extraordinária coragem para defender as suas posições, inclusive muitas vezes em dissonância com aquilo que orientava a liderança do seu partido. Pedro foi durante todos os dias do seu mandato absolutamente fiel às suas convicções. E isso o aproximou do PSDB."
O presidente do PSDB anunciou que reunirá juristas, líderes de outros partidos da oposição e setores do PMDB para discutir qual encaminhamento será tomado em relação à crise.
Com relação a FHC, o senador respondeu ao líder do PT, Humberto Costa (PE), que na véspera atribuiu a "inveja" a declaração sobre a renúncia de Dilma. "Inveja de quem? De uma presidente sitiada? De um ex-presidente investigado e inflado nos céus de Brasília? De um partido mergulhado em denúncia?", perguntou. Para Aécio, FHC anda nas ruas sem segurança, é aplaudido de pé ao entrar em restaurante, abraçado pelas pessoas em filas de cinema e respeitado dentro e fora do país, além de não sofrer qualquer investigação. Disse que FHC expressou sentimento que "colhe" no país.
O senador tucano afirmou a prioridade do PSDB é evitar pressões sobre o Tribunal de Contas da União (TCU), prestes a julgar as contas do governo de 2014, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao qual cabe decidir ações de supostas ilegalidades da chapa de Dilma na eleição de 2014. Recorrendo a citação do ex-presidente do PMDB e da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, na crise do governo Fernando Collor, Aécio disse que "a presidente Dilma pensa que é presidente, mas não é mais presidente da República", por ter delegado a condução da política, da economia e da agenda do país.
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