• Aécio Neves disse que o partido está preocupado com tentativas de ‘constrangimentos’ ao TCU e TSE
Por Chico de Gois – O Globo
BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, disse nesta terça-feira que pretende fazer uma reunião com a oposição e setores do PMDB que já se manifestaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff para discutir a situação política. Ainda não há data para o encontro. Aécio afirmou que os protestos de domingo mostraram ao PSDB que é importante ouvir os manifestantes. Para ele, que participou e, inclusive, discursou durante ato em Belo Horizonte, domingo foi um dos dias mais emocionantes de sua carreira de mais de 30 anos de mandatos.
— Quero registrar que vivi um dos mais emocionantes momentos da minha trajetória de mais de 30 anos de mandatos no último domingo. Há uma percepção clara, tanto dos movimentos, mas das multidões que lotaram as ruas e avenidas do Brasil, de que é importante haver este encontro entre as ruas e a política representativa para que possamos dar andamento às demandas colocadas espontaneamente pelos brasileiros em todas as regiões — afirmou.
No entanto, ele evitou dizer se o PSDB já tem unidade em torno da ideia de impeachment. Ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou, em redes sociais, que Dilma teria um gesto de grandeza se renunciasse ao mandato.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que foi vice na chapa de Aécio, em discurso na tribuna na segunda-feira, afirmou que já há condições jurídicas para o impedimento da presidente, mas politicamente, ainda não. Na avaliação de Aloysio, o impeachment passa, necessariamente, pelo PMDB.
Aécio declarou que o PSDB está preocupado com o que qualificou de tentativa de constrangimento do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A primeira corte irá julgar as chamadas "pedaladas fiscais" do governo na prestação de contas no ano passado. A segunda, avalia se a contabilidade da campanha de Dilma foi contaminada por doações irregulares feitas por empresas envolvidas na Lava Jato.
— Neste instante, é absolutamente fundamental que todos nós voltemos nossos olhos para a ação dos nossos tribunais, seja o TCU, seja o TSE para que não sofram qualquer tipo de constrangimento.
Na noite de ontem, Aécio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin reuniram-se em São Paulo para avaliar a situação política. Para Aécio, ao sugerir a renúncia de Dilma, FH apenas expressou um sentimento que estaria nas ruas.
— Ele apresentou uma alternativa para um governo que já deixou de ser governo. Lembro as palavras do grande Ulysses Guimarães, quando comentava o momento por que passava o Collor: "o Collor pensa que é presidente, mas não é mais". A presidente Dilma pensa que é presidente, mas ela não é mais, porque teve de delegar a condução da economia, a condução da política e agora sequer tem iniciativa na agenda do país. O PSDB não fugirá a essa conexão, a ser intérprete, como outros partidos da oposição, desse sentimento que tomou as ruas de todo Brasil.
Aécio afirmou que o partido não participou anteriormente dos protestos, porque avaliou que seria melhor deixar a população perceber que não se tratavam de convocações de partidos políticos, mas de forma espontânea da sociedade.
— O PSDB, na verdade, vem acompanhando desde o início, de forma adequada, estes protestos. Nossa ausência nos primeiros protestos, inclusive conversado com os líderes deles, tinha um sentido: darmos a oportunidade para que a população percebesse que não se trata de manifestações organizadas por partidos, ou por objetivos que sejam menores do que solução da gravíssima crise na qual estamos mergulhados. O PSDB, enquanto parcela da sociedade, se fez presente e foi imensamente bem recebido. Temos de dar encaminhamento a este sentimento. Sempre dentro do que prevê a Constituição, e na lei.
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