Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, afirmou nesta terça-feira (18) que o partido se conectou ao sentimento das ruas ao aderir oficialmente às manifestações contrárias ao governo. A bancada tucana se reuniu em um almoço para avaliar as manifestações contra o governo realizadas no último domingo (16).
"O PSDB se sente reconectado com o sentimento das ruas, com esse governo que tanto mal vem fazendo ao país. O PSDB não fugirá a essa conexão, a esse sentimento que tomou as ruas de todo o Brasil. Vamos examinar todas as alternativas e, obviamente, amparados pelos juristas do PSDB, avaliar de que forma vamos agir nas próximas semanas. O sentimento é de que esse governo perdeu na alma e no coração dos brasileiros qualquer chance de retomada do crescimento, recuperação do emprego, enfim, a recuperação da economia no Brasil", disse Aécio.
O tucano afirmou que o partido só participou formalmente dos protestos agora porque queria dar a "oportunidade de que a população percebesse que não são manifestações organizadas por partidos ou com objetivos menores". "Hoje sabemos que esses movimentos são da sociedade brasileira e que o PSDB, enquanto parcela da sociedade, se fez presente e foi imensamente bem recebido", avaliou.
O PSDB e, principalmente, Aécio foram muito criticados em protestos passados por não terem saído às ruas. Movimentos que pregam o fim do governo Dilma pressionavam o partido a tomar uma posição.
De acordo com Aécio, a cúpula da sigla se reunirá com juristas em breve para traçar as novas estratégias de ação. "Faremos nos próximos dias uma reunião com os líderes dos partidos de oposição e com setores do PMDB, que já manifestaram disposição de participar desse encontro, e com os juristas que têm expressado de forma muito clara também a sua posição para uma solução dessa crise. [...] A opinião pública do Brasil repudiou no último domingo e repudiará qualquer tentativa de acordo que signifique manietar, constranger as forças públicas que devem discutir as ações que lá estão com equilíbrio e isenção", disse.
O senador tucano ironizou ainda a declaração do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sente inveja da presidente Dilma Rousseff. Nesta segunda (17), Costa classificou a declaração do ex-presidente, em que sugere a renúncia da presidente Dilma Rousseff, como um "grave equívoco", "demonstração de ressentimento e inveja" e que revela uma "pequenez política" por parte do tucano, que age como "líder de torcida".
"Eu vi uma declaração que, para mim é quase inconcebível e inaceitável do líder do PT no Senado que dizia que a fala do Fernando Henrique tinha uma certa expressão de inveja e eu fico a imaginar", disse.
"Ele teria inveja de uma presidente sitiada? Inveja de um ex-presidente investigado e inflado nos céus de Brasília no último domingo? Inveja de um partido, que é o PT, mergulhado em denúncias que hoje alcançam um terceiro tesoureiro do PT. O presidente FHC anda de cabeça erguida pelo Brasil e presta contas apenas à História", rebateu Aécio.
O tucano afirmou ainda que a renúncia é "um ato unilateral que não depende de uma iniciativa do PSDB". "O que o presidente fez foi expressar o sentimento sobre tudo o que ele está vendo, sobre tudo o que ele está percebendo. Ele considera que a renúncia talvez seja o menos traumático dos processos mas não sei se o governo teria essa grandeza", disse.
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