“Enquanto a política brasileira segue nessa pasmaceira, pioram as previsões para a economia também em 2016 e a crise tripla — política, econômica e moral — não parece ter uma saída plausível, pois os acordos políticos já não obedecem a parâmetros civilizados.
Os players desse jogo truncado ganham com a paralisia das ações, e não há regras morais que as limitem. Vale tudo para alcançar o objetivo imediato, que é o de sobreviver no cargo.
Esse, como se vê, não pode ser o caminho virtuoso de um país em busca de seu destino. Não temos hoje na vida pública figuras que inspirem confiança, e por isso não é surpreendente que pesquisas de diversas procedência informem a rejeição maciça aos políticos e aos partidos.
Forma-se nessa marcha a condição para uma disputa presidencial em 2018 mais fragmentada do que a de 1989, a primeira eleição direta para presidente da República depois dos anos ditatoriais e a transição para a democracia iniciada com a eleição indireta de Tancredo Neves.
A não ser que saiam das operações Lava-Jato, Zelotes e similares definições de culpa que mudem o panorama atual e encurtem o caminho.”
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Merval Pereira, jornalista. ‘Os caminhos da crise’. O Globo, 10 de novembro de 2015.
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