- Folha de S. Paulo
Dinheiro vivo para Geraldo Alckmin, Jorge Viana, José Yunes (assessor de Michel Temer), Eliseu Padilha e, ao que tudo indica, para dezenas, centenas de políticos.
Crescem as revelações de detalhes da tão temida delação da Odebrecht, a delação do fim do mundo que causa calafrios em políticos do governo, da oposição, da esquerda, da direita.
Num primeiro momento, a reação dos citados tem sido semelhante: negam o repasse do dinheiro ou afirmam que, se algo foi recebido, irregularidades não foram cometidas.
Diante do sigilo imposto pelas autoridades ao teor da delação, que envolve 77 funcionários da empresa, os supostos beneficiários da propina e do caixa dois da Odebrecht optam pela estratégia de cautela na defesa.
Ao se manifestar sobre reportagem de Bela Megale, sexta-feira (9) na Folha, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ser "prematura qualquer conclusão com base em informações vazadas de delações ainda não homologadas".
Mas não negou que seu cunhado Adhemar Ribeiro, irmão da primeira-dama Lu Alckmin, tenha recebido R$ 2 milhões em espécie no seu escritório, na capital paulista, durante a campanha de 2010, quando o tucano se elegeu governador.
É um cenário que perturba o Planalto. Na reta final do ano, assessores de confiança do presidente e figurões do PSDB, partido fundamental para sustentar a base no Congresso, começam a cair de vez na malha fina da delação premiada da Odebrecht.
O governo Temer chega ao fim de 2016 cambaleando depois de crises políticas recentes que levaram à saída de um ministro do seu núcleo de decisão e a uma operação de emergência para salvar Renan Calheiros e a PEC do teto dos gastos públicos.
A expectativa é que nomes de peso do PMDB sejam abatidos pela empreiteira. Em meio a movimentos — mesmo que lentos — para tirar a economia do buraco, tudo que Temer precisa é se livrar de escândalos. Parece uma missão quase impossível.
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