sábado, 10 de dezembro de 2016

Dilma critica FHC e diz que país vive 'espécie de Estado de exceção'

Angela Boldrini, Diego Zerbato – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou, em evento em São Paulo nesta sexta-feira (9), que seu impeachment teve como objetivo "completar o trabalho que foi deixado interrompido pelo governo FHC".

"O objetivo fundamental do golpe, do meu impeachment, é se aproveitar da crise para resolver o conflito distribuitivo a favor da grande mídia, dos segmentos empresariais, dos setores conservadores", afirmou. "Para quê? Para completar o trabalho que foi deixado interrompido pelo governo FHC."

A petista afirmou que o tucano, antecessor de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, "não conseguiu privatizar a Petrobras, a Eletrobras, e 'virar a página do Getúlio', ou seja, acabar com os direitos trabalhistas".

Dilma participou da conferência de abertura do seminário "Nossa América Nuestra", organizado pela Fundação Perseu Abramo, ao lado da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner.

Ela voltou a criticar a agenda econômica de Michel Temer (PMDB), principalmente a PEC 55, que estabelece um teto para os gastos públicos por 20 anos, e a reforma da Previdência.

"Esse programa não tem como ser implantado passando por debate", afirmou a petista, para quem há, no Brasil, "uma espécie de Estado de exceção".

"É o golpe no golpe. O que eles querem? A possibilidade de uma eleição indireta", disse. "Pode haver a tentação de um golpe no golpe, como houve na ditadura. Primeiro o de 1964 e depois o de 1968, uma radicalização."

FISIOLOGISMO
Na fala, a petista cometeu uma gafe enquanto explicava os efeitos do que chamou de excesso de partidos no Brasil.

"Isso significa negociação de cargos, benesses e o mais negro fisiologismo. Aliás, o mais branco fisiologismo", se corrigiu. "Me desculpem os brancos, mas normalmente são homens velhos, brancos e ricos."

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