Enquanto o comércio fechou 60 mil vagas, a indústria da transformação foi responsável por criar 17,5 mil postos
Anne Warth, Maria Regina Silva, Eduardo Laguna | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA E SÃO PAULO - O Brasil perdeu 40.864 vagas formais de emprego em janeiro deste ano. Apesar do resultado negativo, o ritmo de demissões diminuiu em relação aos últimos dois anos. Desde abril do ano passado, o ritmo de fechamento de postos de trabalho vem sendo menos intenso na comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas a tendência de demissões ainda não se inverteu. O emprego industrial registrou, pela primeira vez desde janeiro de 2015, saldo positivo de mais de 10 mil vagas.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o saldo de janeiro é resultado de 1.225.262 contratações e de 1.266.126 demissões de trabalhadores. Em janeiro de 2016, o resultado havia sido pior: 99.694 postos foram fechados.
Em janeiro de 2015, foram 81.774 vagas perdidas. Entre 2010 e 2014, o mês de janeiro se caracterizou pela geração de empregos. No acumulado dos últimos 12 meses, o País registrou o fechamento de 1.280.863 vagas formais.
Os números reforçam a ideia de que a recuperação do mercado de trabalho será lenta, avaliou o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada. Ele destacou, porém, que já há sinais de que a deterioração hoje está menos intensa.
Indústria. Metade dos oito setores econômicos gerou empregos no mês de janeiro, e o destaque foi a indústria de transformação. O segmento teve um saldo positivo de 17.501 postos de trabalho. Trata-se de uma reversão em relação a janeiro do ano passado, quando o setor fechou 16.553 postos.
Além desse, também foram destaques industriais positivos os segmentos calçadista, têxtil, mecânica, de borracha, metalúrgica, material elétrico e comunicações, madeira e mobiliário, química e de materiais de transporte. As demissões se concentraram nas indústrias de alimentos e bebidas, principalmente no Nordeste.
Piores. Já o comércio foi o que mais demitiu empregados em janeiro, com saldo negativo de 60.075 vagas. O saldo ficou menor que o de janeiro de 2016, quando 69.750 vagas foram fechadas. As demissões foram maiores nas lojas de vestuário e acessórios, calçados e artigos de viagem e nos supermercados.
Serviços também registraram mais demissões do que contratações, com saldo negativo de 9.525 vagas. A construção civil registrou saldo negativo de 775 vagas, e o setor de extração mineral, de 59 vagas. A agricultura teve saldo positivo de 10.663 vagas; a administração pública, de 671 vagas; e serviços industriais de utilidade pública (SIUP), 735 vagas.
Perspectivas. Para o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, embora os números do mercado de trabalho ainda estejam no campo negativo, a tendência é positiva. Na avaliação dele, o País deve voltar a abrir vagas até meados do ano, no embalo da retomada das contratações nas fábricas.
“O importante é a tendência. Para mim, claramente há uma tendência de reação na indústria, uma retomada do mercado de trabalho mais lenta em construção e mais lenta ainda em comércio e serviços. Mas todos os setores estão voltando em direção ao saldo zero”, disse Gonçalves.
Já a MCM Consultores avalia que a retomada do mercado de trabalho deve ocorrer apenas em 2018. “Vale lembrar não apenas o saldo consideravelmente negativo de geração de postos como também o patamar ainda baixo de admissões e demissões, que sinaliza baixa rotatividade.”
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