- O Estado de S.Paulo
Os desencontros do governo na definição da nova meta fiscal chegaram ao estágio mais avançado de desorganização. Desde a semana passada, quando ficou evidente que a Fazenda realmente entregaria os pontos na questão de manter em R$ 139 bilhões o rombo para este ano e em R$ 129 bilhões o saldo negativo do ano que vem, os sinais emitidos ao mercado já eram muito confusos.
O maior erro do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi ter deixado o governo colocar na mesma mesa da negociação econômica os aliados políticos. O imbróglio só aumentou e, consequentemente, a retaliação dos aliados. A mistura da economia e política nesse nível de decisão vai custar caro à toda equipe econômica.
Vide as declarações iradas do senador Aécio Neves (PSDB-MG), contra a mudança da meta fiscal após reunião com o presidente Michel Temer. O senador engrossa o coro de políticos mineiros que tentam suspender o leilão de venda de quatro usinas da Cemig. Hoje, o próprio governo, como mostrou o Broadcast, indicou que o leilão está mantido, o que provocou a ira do senador tucano.
A discussão política, de última hora, em torno do tamanho do rombo – que tende a ficar mesmo em R$ 159 bilhões para os dois anos – piorou o cenário. Em idas e vindas, reuniões no Planalto, conversas em gabinetes, vazamentos de cifras distintas, o anúncio foi sendo sucessivamente adiado. Mas nada se compara ao dia de hoje.
Primeiro, o ministro Henrique Meirelles declarou que a divulgação ficaria para amanhã. Ao longo do dia, fontes da Fazenda disseram que poderia ser hoje mesmo, no meio da tarde. Depois veio o anúncio oficial: marcada a entrevista coletiva para amanhã, às 10 horas. Há pouco, uma convocação em cima da hora para o anúncio oficial, às 18 horas. Diante de tamanha confusão, fica até difícil prever o que pode ocorrer na definição da política fiscal.
Este, definitivamente, não é o caminho que o governo buscava para dar previsibilidade ao mercado.
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