Vendas cresceram 1,2% em junho, marcando o terceiro mês seguido de alta, o que não ocorria desde o fim de 2014
Daniela Amorim / O Estado de S. Paulo.
RIO - O desempenho do comércio varejista surpreendeu em junho, sinalizando uma reação mais firme do consumo no País, após dois anos de retração. As vendas cresceram 1,2% em relação a maio, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É o resultado mais consistente desde o fim de 2014. Desde então, as vendas no varejo não cresciam por três meses consecutivos”, avaliou Isabella Nunes, gerente na Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. No segundo trimestre, o varejo avançou 0,8%, o que pode contribuir para uma estabilidade no Produto Interno Bruto (PIB) no período.
“O dado começa a afastar a possibilidade de uma nova contração do PIB em 2017”, disse o economista Flávio Serrano, do Haitong Banco de Investimento do Brasil, que, por enquanto, mantém sua projeção para um crescimento de 0,2% da economia no segundo trimestre e de estabilidade para o ano.
O crescimento do comércio varejista reforçou a expectativa do Bradesco de retomada da atividade econômica nos próximos trimestres. “Os indicadores antecedentes e coincidentes já conhecidos sinalizam estabilidade do PIB à frente. Para o segundo trimestre, no entanto, continuamos a esperar contração do PIB refletindo o desempenho do setor de serviços”, avaliou a equipe do economista chefe Fernando Honorato Barbosa, do Departamento de Pesquisa Fábio Pina e Estudos Econômicos do Bradesco, em relatório.
Emprego. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomércio) acredita que a melhora no varejo esteja em linha com a retomada do emprego registrada pelo Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged).
“Se você fizer um corte por porte de empresas verá que as que mais contrataram foram as pequenas. Ou a empresa pequena, que tem um ou dois funcionários, contrata ou fecha. Ela não tem uma terceira opção”, disse o assessor econômico da Fecomércio, Fábio Pina. “Estamos vendo agora que para voltar a crescer, mesmo que pouquinho, temos de contratar. E aí vai se criando um processo de retroalimentação e as pessoas vão comprando mais”.
Em junho, houve impacto sobre o varejo do bom desempenho dos bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, graças à redução na taxa de juros, mas também a uma demanda reprimida. As vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 2,2% em junho ante maio, enquanto as de automóveis cresceram 3,8%, elevando a alta no varejo ampliado – que inclui veículos e material de construção – a 2,5% no mês.
“Existe demanda reprimida depois de dois anos de redução nas taxas de vendas desses setores. Não havia condições boas de consumo, então as famílias guardam esse consumo para posteriormente. Principalmente nas atividades que não são básicas, porque em farmácia e supermercados não se pode fazer isso, mas eletrodomésticos e veículos sim”, disse Isabella.
Segundo ela, é natural que após longo período de quedas, as taxas de vendas sejam melhores nessas atividades de bens não essenciais, especialmente num momento em que a massa salarial está se recompondo, a taxa de juros vem caindo e a inflação mostra arrefecimento.
“Se você fizer um corte por porte de empresas verá que as que mais contrataram foram as pequenas, que tem um dois funcionários.”
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