- O Estado de S.Paulo
A vitória de Michel Temer na votação da Câmara que arquivou a denúncia contra o presidente salvou-lhe o mandato. Mas foi incompleta. Porque se tira de Temer a pressão do dia a dia da denúncia, o torna de vez refém do Congresso. Temer pode dizer que não será refém, porque seu governo é congressual. Tudo é feito em parceria com deputados e senadores e pelo menos a metade de seus ministros tem origem no Parlamento.
Mas, até a divulgação da conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista, quem dava as cartas sobre as iniciativas importantes que deveriam passar pelo Congresso era Temer. A partir de agora, haverá dúvidas quanto à força do presidente para impor qualquer coisa.
Quanto às reformas da Previdência e tributária, haverá uma disputa natural sobre quem será responsável por elas daqui para a frente. Todas as iniciativas relativas a elas terão de passar também pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Os dois já se disseram contrários, por exemplo, à mudança na meta fiscal. Vão, no mínimo, tentar dividir com Temer a condição de patrocinadores dos projetos. Se eles vingarem.
De quebra, Temer herdará uma base de apoio rachada. O PSDB está arrebentado, sem saber aonde ir, sem saber até quem é o seu presidente. O PMDB de Temer deu votos contra ele na votação da denúncia.
Os partidos que integram o Centrão querem os ministérios entregues aos tucanos. A crise não passou com o arquivamento da denúncia. A vitória de Temer apenas lhe deu algum alívio.
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