A campanha presidencial avança com candidatos fragilizados dentro dos próprios partidos. Um exemplo é o PSDB: o lançamento de diretrizes para o programa partidário, ontem, expôs ainda mais sua fragmentação e suas contradições. Geraldo Alckmin, candidato mais forte entre os tucanos, insiste na aprovação de mudanças básicas na Previdência, com a instituição de um regime único para as aposentadorias. O reformismo é premissa das ideias apresentadas ontem, em documento da cúpula, e também de manifesto recente dos economistas do partido, divulgado semanas atrás. O consenso acaba aí, na teoria. Na prática, a bancada tucana da Câmara não consegue se unir pela aprovação da reforma. Deputados reconhecem a necessidade, mas, agora, alegam que não querem atrelar sua imagem ao governo Temer na campanha de 2018. Alguns líderes do partido ainda relutam em deixar o governo. O candidato Alckmin corre o risco de entrar na disputa presidencial com o PSDB repetindo uma proposta atribuída à sua maior estrela, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — que sempre negou a autoria: “Esqueçam o que escrevi.”
Divisão do bolo
O PT elegeu as prioridades para a divisão dos recursos do fundo eleitoral. Em primeiro lugar, a candidatura de Lula. Depois, as bancadas no Senado e na Câmara. As apostas nas eleições estaduais serão concentradas onde o partido já governa: Acre, Ceará, Piauí e Bahia.
Visualizado e entregue
Foragido da Polícia Federal até o fim da tarde de ontem, o ex-ministro Antônio Carlos Rodrigues estava sempre on-line no WhatsApp, para a estranheza dos colegas. Segundo correligionários do presidente do PR, ele passou o dia negociando pelo aplicativo os termos da própria apresentação. Queria a garantia de que não seria enviado ao Rio.
Carro-forte
O Senado incluiu na ordem do dia projeto que guarda uma briga milionária entre o setor bancário e transportadoras de valores, ramo empresarial da família do presidente da Casa, Eunício Oliveira. O relatório de Vicentinho Alves (PR-TO) proíbe que bancos prestem esses serviços a terceiros. A disputa já provocou o desabastecimento de caixas do Banco 24 horas, que tem mais de 21 mil terminais em 600 cidades do país. Os argumentos contra a proposta unem PSOL e PSDB: cria reserva de mercado, fere a livre-iniciativa, a livre concorrência, os direitos adquiridos e o princípio da isonomia, ao proibir apenas os bancos de participar do capital desse tipo de atividade.
Balcão de queixas
O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) recebeu reclamação dos ministérios da Saúde e da Educação sobre convênios com municípios. Dizem que milhões de reais são repassados para programas das duas áreas, mas os prefeitos gastam com contas de custeio. Esses municípios estão impedidos de receber novos repasses desses programas. E os dois ministérios não podem usar o orçamento em outros projetos. Padilha prometeu estudar o impasse.
Racha rural
A bancada ruralista sofreu uma forte derrota ontem ao não conseguir aprovar a medida provisória que renegocia dívidas de produtores com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). O setor ficou dividido: de um lado, os pequenos e médios produtores alegavam que a MP os obrigava a pagar uma dívida em discussão no STF e só beneficiava os grandes frigoríficos. Já os defensores da proposta não tiveram força para impedir que perdesse a validade, depois que a equipe econômica jogou a toalha quanto aos riscos de desagradar ao setor rural na hora em que o governo conta votos para aprovar a reforma da Previdência.
Sob nova direção
Os presos da Lava-Jato na Polícia Federal em Curitiba estão bem apreensivos com a troca de chefia na superintendência. Saem o delegado Rosaldo Franco e rostos conhecidos, como o Japonês da Federal. É ele quem controla as visitas e a entrada de alimentos. Os presos temem que o novo responsável endureça o jogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário