Ex-presidente afirmou que o atual sistema ficou ‘insustentável’ e disse que o PSDB não pode ter ‘medo das eleições’ para analisar a questão
Daiene Cardoso, Felipe Frazão e Anne Warth / O Estado de S.Paulo (10 Dezembro 2017)
BRASÍLIA - A reforma da Previdência foi defendida ontem por tucanos durante a convenção nacional da sigla, em Brasília. Além do governador paulista Geraldo Alckmin, eleito presidente do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma defesa enfática das mudanças. FHC afirmou que o atual sistema ficou ‘insustentável’ e deve ser mudado sem “medo”. Mas nem mesmo a cobrança levou o partido a fechar questão sobre o tema.
“Temos de ter palavras diretas para falar ao povo o que acreditamos. Temos história, fizemos muita coisa neste País. Muitas vezes, lutei com o Congresso para dizer que a Previdência seria insustentável. Temos de votar a reforma da Previdência”, disse o ex-presidente.
FHC afirmou ainda que a discussão sobre o tema não deve estar vinculada ao medo de impacto na disputa eleitoral. “Não podemos fechar os olhos. Temos de explicar o porquê votamos sem medo das eleições. Ganhei do Lula duas vezes”, afirmou, cobrando “energia” do partido sobre a questão.
Em 1998, o ex-presidente conseguiu aprovar uma mudança na Previdência: a criação de uma idade mínima para a aposentadoria os servidores públicos. Ele tentou também a imposição de um piso etário para os trabalhadores do setor privado, vinculados ao INSS, mas foi derrotado. A votação é lembrada até hoje porque o governo perdeu por apenas um voto, que poderia ter sido garantido por aliados do então presidente do próprio PSDB. Uma das abstenções foi do deputado tucano Antonio Kandir, ex-ministro do Planejamento de FHC, que alegou ter errado o voto.
O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA), que deixou anteontem o comando da Secretaria de Governo, defendeu que o PSDB dê uma votação “expressiva” a favor da reforma da Previdência. “A gente espera que o PSDB, mantendo essa linha programática, apoie maciçamente a reforma”. O parlamentar reforçou que a posição dos tucanos é determinante para o avanço da proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera as regras para se aposentar no Brasil.
Sem consenso. A cobrança do ex-presidente, que foi o penúltimo orador do partido a falar na convenção, contrapôs a falas de alguns dirigentes partidários durante o evento. O ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, que deixou o cargo de presidente em exercício do partido, afirmou que o PSDB não deve conseguir ter uma posição única sobre a reforma como PMDB, partido do presidente Michel Temer, e do PTB, que fecharam questão a favor do texto – isso significa no jargão político punir aqueles votarem contra a proposta. Goldman, contudo, disse que a reforma da Previdência é uma bandeira antiga do partido e essencial para o País.
No Placar da Previdência, elaborado pelo Estado, apenas seis de 46 deputados da bancada declararam ser favoráveis à aprovação.
Doze afirmaram que votarão contra a proposta e 10 se declararam indecisos. Outros 18 não quiseram responder ao levantamento. Nas contas do líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), quase metade da bancada de 46 deputados deve votar favoravelmente ao texto. “Não dá para jogar tudo no colo do PSDB”, afirmou
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