- Folha de S. Paulo
Há uma sensação estranha em Brasília: a de que o governo nunca esteve tão perto e ao mesmo tempo tão longe de aprovar a reforma da Previdência na Câmara.
A apenas duas semanas do início do recesso parlamentar, o presidente Michel Temer mexe as últimas peças para votá-la entre os dias 18 e 20.
O novo lance do Planalto foi anunciado sábado (9) à noite, após encontro entre Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A ideia é antecipar para a próxima quinta-feira (14) o começo da discussão da proposta no plenário.
A estratégia não tem muito segredo. Servirá para que os líderes dos partidos da base governista, sob pressão para convencer seus deputados a votar pela reforma, usem o microfone para intensificar o apelo.
O governo vai aproveitar para tentar sentir no plenário a temperatura mais precisa do cenário –embora, como se sabe, a quinta-feira não seja dia de frequência assídua.
O outro movimento em curso é a nomeação do "cão de guarda" Carlos Marun (PMDB-RS) para a articulação política. O amigo de Eduardo Cunha virou ministro de Temer menos pela biografia e mais pela fidelidade ao Planalto e pelo bom trânsito entre deputados do baixo clero que não suportavam o seu antecessor, Antonio Imbassahy (PSDB-BA).
Marun será capaz de virar votos? Antecipar a discussão para quinta-feira ajudará o governo de alguma forma a reverter um quadro desfavorável para aprovar a reforma?
Há respostas convenientes para os dois lados. Nos bastidores, há quem aposte que o Planalto tem força para dar um "sprint final" nos poucos dias que tem pela frente e superar os 308 votos necessários para que a proposta enfim avance.
Pessoas próximas de Temer avaliam, no entanto, que os recentes esforços de fato ajudaram a recolocar a Previdência na agenda do país, após a crise causada pela JBS, mas o prazo exíguo para negociá-la prejudica a sua apreciação ainda em 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário