Tucano afirma que vai convocar reunião esta semana para debater apoio
Eduardo Bresciani e Maria Lima / O Globo, 10/12/2017
BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que assumiu ontem a presidência do PSDB, anunciou em entrevista a convocação de uma reunião da legenda para debater a reforma da Previdência. Ele disse ser pessoalmente favorável a que o partido feche questão sobre o tema, o que significaria aplicar punição a quem votar contra.
— Eu pessoalmente sou favorável, já fiz a reforma em 2011 em São Paulo. Minha posição pessoal é pelo fechamento de questão — disse Alckmin.
Ele ressaltou que o estatuto do partido exige maioria absoluta tanto na Executiva quanto na bancada da Câmara. Afirmou que vai ouvir a bancada e fazer uma reunião sobre o tema nesta semana. O partido tem 46 deputados.
O candidato já tinha abordado o tema no seu discurso na convenção. Afirmou que o partido tem “compromisso com as reformas que vão dar condições para o Brasil voltar a crescer”. E afirmou que a mudança na Previdência “é necessária para não termos brasileiros de duas classes”.
Presidente de honra da legenda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma defesa enfática do apoio tucano à proposta:
— A situação das aposentadorias está insustentável. Temos que votar a reforma da Previdência, com uma ou outra emenda na proposta, para acabar com privilégios, mas não podemos fechar os olhos e ceder à pressão das corporações, que são contra o povo.
A divisão interna no tucanato sobre ficar ou não no governo Michel Temer contaminou o debate sobre a reforma. Em uma reunião com a bancada na semana passada em Brasília, Alckmin foi avisado da resistência que havia ao projeto e, principalmente, ao fechamento de questão. Naquela oportunidade, o governador paulista disse ser mais importante o “convencimento”.
O partido não conseguiu nem sequer colocar em debate o fechamento de questão nas reuniões anteriores da Executiva. Na última tentativa, o secretário de de Previdência Social do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, e o relator da proposta na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA), foram à sede do partido, mas, diante de avisos de esvaziamento da reunião, o então presidente interino, Alberto Goldman, avisou de antemão que o fechamento de questão não seria debatido.
PPS FECHA QUESTÃO
Na entrevista após ser eleito presidente do PSDB, Alckmin fez ainda uma defesa de privatizações e da redução do tamanho do Estado. Citou como exemplo a EPL, empresa criada para gerenciar o projeto do trem-bala. Destacou que não houve qualquer andamento do projeto do trem, mas que a estatal persiste.
— O governo não tem dinheiro para tudo, para ser executor de tudo, e não vai fazer tudo bem feito — afirmou.
Partido do relator da reforma, o PPS decidiu, por meio de sua executiva nacional, fechar questão a favor da reforma da Previdência. O partido, porém, tem muitas divisões internas e dificilmente dará seus nove votos ao projeto. O presidente da legenda, deputado Roberto Freire, lembrou que, mesmo quando ele ainda era ministro da Cultura do governo Temer, o partido se dividiu em relação à reforma trabalhista. Freire deu a entender que a legenda não deve punir quem contrariar a orientação.
— Quero trazer para a direção nacional, da qual eles todos (deputados) fazem parte, a decisão, que é uma postura política. Ninguém quer punir ninguém, quer dizer qual a posição política deste partido. Ou nós não temos? Não é falta de respeito a direção nacional fechar questão em algo fundamental para um partido reformista — disse Freire.
Até então, somente PMDB e PTB tinham fechado questão sobre o tema. Nos dois partidos, há promessa de punição a quem descumprir a orientação. A previsão do governo é de iniciar a votação da reforma em 18 de dezembro.
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