Texto dizia que Gleisi Hoffmann ‘sinalizava’ que não aceitaria resultado do pleito sem Lula; segundo sigla, material foi publicado por engano
Alexandra Martins, Ricardo Galhardo / O Estado de S. Paulo.
O PT publicou ontem texto em seu site no qual afirmava que a presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), “sinaliza” que a sigla não vai reconhecer o resultado da eleição presidencial de outubro caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impedido de disputar o pleito. Horas depois, porém, a legenda afirmou que o material fora publicado por engano.
“A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, sinaliza que o partido não reconhecerá o resultado das eleições se Lula for impedido de candidatar-se à Presidência da República. ‘Sem ela (a candidatura), teremos a ilegitimidade do processo eleitoral e a continuidade da ruptura do pacto democrático que fizemos na Constituição de 1988: voto soberano e eleições livres!’, escreve”, dizia o texto do site.
De acordo com a assessoria de imprensa da direção nacional do PT, o conteúdo “trata-se de um comentário do jornalista Esmael Morais, que publica semanalmente artigos da senadora em seu blog”. “Por um equívoco da produção da página do PT, o comentário do jornalista foi reproduzido como subtítulo do artigo, permitindo interpretar que seria um comentário oficial. Não é. O texto já foi corrigido na página do PT, não é e não representa o pensamento da senadora Gleisi Hoffmann.”
Na versão corrigida do texto, o PT diz: “A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, publicou uma nota na qual reafirma a necessidade de defender o direito de candidatura de Lula. A nota foi publicada no blog do jornalista Esmael Morais, para quem a senadora sinaliza que o partido não reconhecerá o resultado das eleições se Lula for impedido de candidatar-se à Presidência da República”.
‘Único’. Dirigentes do PT ouvidos ontem pelo Estado disseram que o assunto não está em discussão na legenda, ao menos por enquanto. A ordem no partido é evitar especulações sobre cenários eleitorais no caso de Lula ser proibido de se candidatar. “Cada vez mais estamos todos unidos na estratégia. Lula é o plano único”, disse o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, um dos vice-presidentes do PT.
Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), outro vice-presidente da legenda, o partido confia em uma vitória de Lula nos tribunais superiores que garanta a inclusão do nome do petista nas urnas. “Trabalhamos com a vitória do Lula na Justiça”, disse Teixeira.
Em conversas reservadas, dirigentes da legenda afirmam que a hipótese de o PT não reconhecer o resultado de uma eleição sem Lula foi cogitada por alguns integrantes do partido, mas ainda não discutida formalmente. As estratégias petistas para o caso de o ex-presidente ser barrado só devem entrar na pauta do partido se, dentro de alguns meses, houver a percepção de que Lula vai perder a batalha na Justiça.
O ex-presidente pode ser declarado inelegível por causa da Lei da Ficha Limpa. Segundo a legislação, candidatos condenados por órgão judicial colegiado estão impedidos de disputar eleições. Lula teve condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) no dia 24 de janeiro. Cabe, no entanto, ao Supremo Tribunal Federal dar a última palavra sobre a possibilidade de o petista ser candidato.
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