terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Auxílio-moradia ‘é pouco’, afirma presidente do TJ-SP

Ao assumir o cargo, magistrado ironiza benefício e diz ter ‘vários imóveis’

Dimitrius Dantas / O Globo

-SÃO PAULO- Ao assumir ontem a presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças defendeu, de forma irônica, o recebimento de auxílio-moradia por juízes. Mais do que isso: fez questão de considerar que o benefício é “muito pouco”, mas necessário no seu caso, mesmo tendo em seu nome “vários imóveis”.

— Eu acho muito pouco (o valor do auxílio-moradia). É isso que você (repórter) queria ouvir? Agora, coloca lá: “o desembargador disse que é muito pouco” — declarou.

No início da entrevista coletiva, o novo presidente do TJ-SP disse que não queria se manifestar sobre o tema e que seu posicionamento já havia sido tratado no discurso de posse. O desembargador destacou que, como presidente, não fixa os vencimentos de juízes e desembargadores, atribuição da União, e que o auxílio-moradia está previsto na Lei Orgânica da Magistratura. Ao responder se ele próprio era beneficiado e se tinha imóveis em São Paulo, o desembargador afirmou:

— Recebo. Tenho vários imóveis, não é só um — afirmou.

O presidente do TJ ainda criticou a cobertura sobre o tema, citando como exemplo um desembargador que tem mais de 60 imóveis em São Paulo e recebe o benefício. Segundo ele, as propriedades são fruto de herança e o juiz estaria sofrendo danos irreparáveis com a divulgação de seu caso.

O desembargador, então, questionou se os jornalistas eram favoráveis ou contrários à herança e perguntou aos repórteres se elas tinham ou não filhos.

— A senhora não pensa em ter filhos? Não quer ter filhos? — perguntou a uma das jornalistas, que se negou a responder. Ele continuou: — A senhora pode imaginar ter filho? Alguém aqui tem filho? Quem tem filhos?

Para o desembargador, os recebimentos são éticos porque estão previstos em lei. Questionado se achava o valor suficiente, ironizou afirmando que considerava o benefício baixo e deixou a entrevista.

— Provocação, eu não vou atender.

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