Com concessão das linhas 15 e 5 do metrô, governo diz que terá saldo de empréstimos do BNDES e BID
Thais Bilenky | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Geraldo Alckmin (PSDB) pretende redirecionar R$ 760 milhões de empréstimos para obras prioritárias do Metrô antes de deixar o governo de São Paulo, em 7 de abril.
A Assembleia, que deverá apreciar o projeto de lei para que o remanejamento seja feito, não tem data prevista para a sua votação.
Em seu último mês no cargo, o tucano corre para entregar as estações Cecap e Aeroporto, ambas em Guarulhos, da linha 13 - jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que, segundo o governo, precisa de recursos adicionais para ser concluída.
Para isso, Alckmin apresentou no final de fevereiro à Assembleia projeto que propõe remanejamento de R$ 400 milhões de um empréstimo do BNDES previsto para atender a linha 15 - prata.
Segundo informação obtida pela Folha, deve ocorrer na próxima semana a publicação de editais de concessão para a iniciativa privada para a operação da linha 15 na B3, a bolsa de valores. A data prevista é dia 15, mas pode sofrer alteração.
Com isso, o governo solicitou o cancelamento do saldo a liberar do contrato com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para "imediata utilização dos recursos disponíveis" na linha 13.
No projeto, Alckmin prevê também o redirecionamento de US$ 111 milhões (R$ 360 milhões) de um contrato com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para a instalação de fachadas de portas de plataforma.
O empréstimo, de um total de US$ 480 milhões (R$ 1,6 bilhão), foi assinado em 2010, para a expansão da linha 5 - lilás. O governo sustenta que, ao passar a sua operação para a iniciativa privada, liberou os R$ 360 milhões que seriam gastos para aquisição de componentes de operação e manutenção, agora a cargo da concessionária.
Com as 88 fachadas de portas de plataforma que pretende instalar nas linhas 1, 3 e parte da 2, a gestão estadual argumenta que reforçará a segurança nas estações, evitando quedas na via e batidas de usuários nos trens.
"A instalação de fachadas de portas de plataforma também se antecipa a crescente pressão para tornar o dispositivo obrigatório através de projetos de lei e de ações do Ministério Público que temos recebido", justificou, no projeto de lei.
No fim do ano passado, o tucano conseguiu a aprovação de projeto que o autorizou a tomar R$ 2,5 bilhões em empréstimos para tocar vitrines da gestão.
ESTADOS UNIDOS
Em viagem a Washington, Alckmin se reuniu com autoridades do BID na terça-feira (6) e pediu autorização para o remanejamento. No encontro, assinou contrato de financiamento de US$ 70 milhões (R$ 226 milhões) para concluir as obras do Rodoanel Norte.
Nesta quarta-feira (7), o presidenciável afirmou que "terá o que mostrar" na campanha eleitoral, ao contrário de outros adversários.
"Nós já fizemos. É uma diferença importante. Entre o falar e o fazer, na política, há um abismo", disse, durante palestra a empresários, estudantes e pesquisadores brasileiros em Washington, no Brazil Institute, centro de estudos sobre o país sediado no Wilson Center.
RETA FINAL
A agenda de entregas previstas até 7 de abril, quando Alckmin deixará o cargo para disputar a Presidência da República, foi enxugada em relação ao programado em meados do ano passado.
Apesar dos atrasos, o tucano ainda quer inaugurar oito estações de metrô, cinco hospitais e um AME (Ambulatório Médico de Especialidades).
Também está nos planos do governador entregar dois trechos ainda em obras do corredor Itapevi-São Paulo da EMTU e botar em operação duas obras da Sabesp.
Uma delas é a PPP de São Lourenço, 80 quilômetros de adutor e interligação das bacias do rio Paraíba do Sul com as do Piracicaba, Capivari e Jundiái, no sistema Cantareira. A outra é a represa do Jaguari e Atibainha.
Alckmin quer ainda dar início à duplicação de um trecho da Raposo Tavares, cujas obras têm previsão de duração de dois anos, e entregar a segunda fase do complexo viário de Jundiaí, o viaduto das Valquírias.
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