- Folha de S. Paulo
Apostaria apenas somas modestas num segundo turno ortodoxo
Parte do mau humor nos mercados se deve ao fato de que os postulantes vistos como mais comprometidos com a agenda de reformas de que o país precisa aparecem mal nas pesquisas. O mais bem posicionado deles é Geraldo Alckmin (PSDB), que, no último Datafolha, amargou um quarto lugar, com 7% das preferências do eleitorado.
Até que ponto devemos considerar pesquisas feitas meses antes do pleito? Essa é uma daquelas perguntas que divide em dois o mundo dos profissionais que respiram política.
De um lado, estão marqueteiros, jornalistas e os próprios candidatos, que tendem a valorizar os últimos acontecimentos políticos, que teriam o dom de ir moldando as preferências do eleitorado. Para eles, são as pesquisas que captam essas movimentações, convertendo-se assim na melhor régua disponível para prognosticar resultados.
Do outro, temos os cientistas políticos que trabalham com dados, que afirmam que pesquisas feitas com muita antecedência são péssimos guias. Para eles, o comportamento do eleitorado é mais fixo do que se supõe, e os mapas de eleições anteriores somados a fatores como a situação econômica são bem mais úteis do que as sondagens para tentar antecipar o futuro. A própria campanha, dizem, teria importância marginal, fazendo diferença só em pleitos muito disputados.
Um bom exemplar dessa linha é o sociólogo Alberto Carlos Almeida, que acaba de lançar “O Voto do Brasileiro”, no qual sustenta que o mais provável é que tenhamos no fim de outubro um segundo turno entre os candidatos do PT e do PSDB.
De minha parte, penso que são os cientistas políticos que estão mais próximos da verdade. O processo eleitoral revela mais ruído do que sinais. Mas, diferentemente de Almeida, apostaria apenas somas modestas num segundo turno ortodoxo. A série histórica na qual ele baseia sua previsão, afinal, tem apenas 12 anos, o que me parece pouco para autorizar juízos muito definitivos.
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