Coordenador da campanha de Ciro ao Planalto, ex-governador admite conversas com DEM e PP, mas aliança seria com pessebistas
Igor Gadelha / Fábio Grellet | O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA, RIO - O ex-governador do Ceará Cid Gomes, coordenador político da campanha do irmão Ciro Gomes ao Planalto, afirmou ontem que a prioridade do pré-candidato do PDT é fechar aliança eleitoral com o PSB. “Estamos focados em concretizar uma aliança com o PSB. Mas conversar, nós conversamos com todo mundo”, afirmou Cid, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Ele admitiu que Ciro tem conversado com partidos do chamado Centrão, entre eles, DEM e PP. Mas reforçou que o foco é conseguir apoio dos pessebistas em razão da afinidade ideológica entre os dois partidos.
A afirmação do ex-governador ocorre após líderes do Centrão intensificarem acenos em busca de uma aproximação política com Ciro, em reação ao fraco desempenho do pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com dados divulgados no domingo passado pelo Datafolha, o tucano aparece estacionado com 7%, pior desempenho para um candidato do partido ao Planalto em quase 30 anos.
O PSB, porém, ainda não decidiu como vai se posicionar na disputa presidencial. Após o exministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa desistir de ser candidato ao Planalto pela legenda, líderes do PSB dizem considerar três alternativas: uma aliança com o PT; uma coligação com Ciro Gomes ou não se coligar formalmente com nenhuma sigla e, assim, liberar seus filiados a apoiarem quem quiserem.
Maia. Embora tenha o PSB como prioridade, Cid tem mantido diálogo com integrantes do Centrão. No fim de semana, conversou por telefone com o prefeito de Salvador, ACM Neto, que é presidente nacional do DEM. Amanhã, está previsto um encontro em Brasília com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já admitiu a aliados que deverá desistir da disputa presidencial.
Segundo Cid, uma aliança com o Centrão não será incoerente para Ciro – que defende propostas de centro-esquerda e costuma fazer críticas às pressões dessas legendas por cargos no Executivo em troca de apoio no Legislativo. “O Ciro quer ser o presidente de todos os brasileiros. O espectro ideológico dele é de centro-esquerda, mas já governamos com todos esses partidos em nossas gestões. O PP e o DEM, por exemplo, são nossos aliados no Ceará”, afirmou ele.
O ex-governador lembra que ele e o irmão têm “boa relação” com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) – que é investigado pela Operação Lava Jato –, e com o vereador carioca César Maia (DEM), pai do presidente da Câmara.
“O César Maia foi um dos entusiastas da candidatura do Ciro em 2002”, disse Cid, em referência ao pleito em que o ex-ministro disputou o Planalto pelo PPS e contando com o apoio do DEM (então PFL).
‘Fofoca’. Em evento à noite em Niterói (RJ), Ciro Gomes negou que esteja negociando alianças com DEM e PP e classificou como “fofoca” a informação de que líderes dos dois partidos ficaram melindrados com o pedetista depois que ele afirmou, na sexta-feira passada, que só faria alianças com DEM e PP após firmar acordo com PCdoB e PSB.
“Nesse instante (da pré-campanha eleitoral) há muito mais fofoca e intriga em cima da fofoca do que realidade. O DEM tem um candidato a presidente, e não seria eu a cometer a indelicadeza de passar por cima de uma candidatura. Amanhã, se o Democratas entender que o projeto que eu estou advogando merece uma reflexão, eu reagirei com todo respeito. A mesma coisa vale para o PP”, afirmou o pré-candidato do PDT.
Ciro participou do lançamento da pré-candidatura do correligionário Chico D’Ângelo a deputado federal. Ele chegou ao evento acompanhado por Carlos Lupi, presidente do PDT, e por lideranças políticas locais, como o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, do mesmo partido.
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