Pré-candidato ao governo pelo PSDB respondeu a perguntas de Folha, UOL e SBT
Gabriela Sá Pessoa | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, o ex-prefeito paulistano João Doria afirma que não desistirá de concorrer ao Bandeirantes e que ainda há tempo para o ex-governador Geraldo Alckmin se recuperar na corrida presidencial. O ex-prefeito foi sabatinado por jornalistas da Folha, UOL e SBT nesta segunda-feira (11).
"Há tempo ainda para mudar esse sentimento. O governador já participou de outras campanhas, venceu e superou”, disse Doria sobre o desempenho de Alckmin nas pesquisas. “Não há plano B. Há plano A, de Alckmin."
Alckmin tem 7% das intenções de voto no Datafolha divulgado no domingo (10), pior índice de tucanos na história.
Doria diz também que sua experiência eleitoral não o tornou um político profissional. O tucano afirmou que ainda se considera um gestor: “Não sou político, eu estou na política”.
O tucano disse que desejaria uma coalizão suprapartidária para a Presidência que unisse os candidatos de centro em torno de Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo, a nomes como Flávio Rocha, presidenciável do PRB.
O partido de Rocha formalizou apoio à candidatura de Doria no estado —com isso, o empresário e ex-prefeito teria dois palanques em São Paulo.
“Eleitoralmente, Alckmin tem mais potencial e agregaria, com apoio do Rocha e PRB”, afirmou. "As forças de centro têm que se desprover de seus interesses pessoais e partidários pelo Brasil."
Em sua própria campanha, Doria disse desejar Paulo Skaf (MDB), também pré-candidato ao Bandeirantes, em sua chapa, abrindo mão de concorrer ao governo para disputar uma vaga ao Senado.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, Doria tem 29% de intenções de voto para o governo de São Paulo. Skaf tem 20%.
Como a Folha noticiou no domingo (10), Alckmin ainda não percorre cidades do interior com Doria com receio de melindrar seu sucessor no Bandeirantes, o governador Márcio França (PSB).
O presidenciável tucano planeja uma agenda de inauguração de obras com o pessebista. O palanque duplo, disse Doria. não o incomoda: “Disse quando fui indicado [à candidatura] que compreendia a decisão do Alckmin. Não me cria constrangimento”.
Ao menos uma coisa, porém, o ex-prefeito faria diferente de Alckmin se ocupasse o seu lugar na presidência do PSDB: expulsar do partido o ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo, preso em maio em decorrência do mensalão mineiro.
“Tendo em vista a condenação que a Justiça fez, eu se fosse o Azeredo pediria para sair. E, não havendo pedido [para sair], o expulsaria”, disse.
Sobre o senador Aécio Neves (PSDB), réu no Supremo Tribunal Federal desde abril, afirmou que é preciso aguardar os desdobramentos do inquérito e uma eventual condenação.
O ex-prefeito foi questionado sobre o e-mail, revelado na semana passada, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu em 2010 a Marcelo Odebrecht pedindo ajuda financeira a candidatos do PSDB.
Respondeu que não pode falar sobre o passado: "Passado do qual não participei e vivenciei, era uma circunstância que todos os partidos utilizavam, com a solicitação de recursos para empresas".
"Naquele momento, a Odebrecht era um dos maiores grupos empresariais do país, homenageado inclusive por veículos de comunicação, alguns dos quais estão aqui —que também não podiam prever que, anos atrás, o grupo procedia de maneira irregular", afirmou o ex-prefeito.
"As pessoas não podem ser condenadas no passado por circunstância que no futuro se mostraram irregulares e condenáveis."
Foi a mesma linha de raciocínio que seguiu ao justificar doações que fez à campanha do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (MDB), que foi filmado no ano passado correndo na rua carregando uma mala com R$ 500 mil apontados como propina para Michel Temer.
"Não sou pitonisa: quatro anos atrás é quatro anos atrás", disse o ex-prefeito. Sobre o vídeo de Rocha Loures com a mala: "Fiquei triste. Conheço o Rodrigo, conhecia sua família. Vi uma situação absolutamente inesperada, triste e condenável".
Doria ainda disse considerar a si mesmo diferente de outros tucanos por preferir se posicionar sobre os assuntos. Era questionado sobre a emenda constitucional, aprovada na semana passada, que eleva o teto do funcionalismo no estado —o pré-candidato afirmou que precisava avaliar a medida antes de comentá-la.
“É uma nova etapa da tucanagem, que não fica em cima do muro”, comentou.
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