Por Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - Em um aceno aos tucanos, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), reconheceu ontem que, caso o DEM não oficialize sua candidatura ao Palácio do Planalto na convenção da sigla, em julho, o PSDB terá prioridade nas conversas para uma eventual aliança. O parlamentar, no entanto, não descartou a possibilidade de uma coligação com o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT.
Trata-se da primeira vez que Maia admite publicamente a hipótese de desistir da eleição presidencial em favor de um candidato com mais viabilidade eleitoral. "Temos uma relação histórica com o PSDB. O natural e o mais provável para o DEM, caso a nossa decisão seja não ter candidato a presidente, é uma conversa com o PSDB primeiro", disse Maia após evento, na capital paulista, sobre macroeconomia.
O presidente da Câmara, que oscila entre 1% e 2% na última pesquisa Datafolha, acrescentou ainda que conversa com Alckmin toda a semana. O tucano, segundo Maia, foi um "grande governador de São Paulo" e tem tudo para ser um "bom presidente do Brasil". O aceno contrasta com declarações recentes do deputado fluminense. Em entrevistas, ele já disse que "o ciclo do PSDB se esgotou".
Ao tratar do cenário eleitoral, Maia deixou uma porta aberta para uma coligação com Ciro. "Tenho certeza de que eu também serei um bom presidente. Mas não é só uma questão de ser um bom presidente. É uma capacidade de aglutinar o maior número possível de forças políticas para vencer as eleições", afirmou o parlamentar ao ponderar que o pedetista também está preparado para assumir o cargo.
Nos bastidores, especula-se uma possível aproximação entre Ciro e dirigentes do DEM. Uma ala do partido, que já descarta a ideia de candidatura própria, entende que o pedetista tem mais chances do que Alckmin de subir a rampa do Planalto a partir de 2019. Maia, porém, ressaltou que ainda não tratou do assunto com o ex-ministro e que uma eventual conversa deve ficar para julho.
"Temos uma relação muito boa com o Ciro. [Ele] nos ajudou bastante em 2012 no Rio. Temos gratidão por isso", frisou Maia, que minimizou declarações antigas do pedetista contra integrantes do DEM. Na época do mensalão, por exemplo, Ciro chegou a classificar o prefeito de Salvador e atual presidente nacional da sigla, ACM Neto, de "tampinha" e "anão moral".
"Ciro tem um estilo bateu, levou, que gera nele essa rejeição dentro da política. Mas acho que, pela idade dele e pelo momento que vive, vai ter capacidade para reconstruir as pontes que ele destruiu nos últimos anos", afirmou Maia.
Por enquanto, os dirigentes do DEM que mais resistem em apoiar o pedetista na corrida presidencial são o ex-ministro Mendonça Filho, cotado para ser o vice na chapa de Alckmin, e o deputado federal Rodrigo Garcia (SP), que articula para integrar a composição do ex-prefeito João Doria (PSDB) na disputa pelo governo de São Paulo.
Maia, inclusive, defendeu uma aliança do DEM no Estado com o tucano, embora tenha ressaltado que não fará qualquer tipo de interferência na decisão do diretório paulista. "A realidade local, muitas vezes, é diferente da realidade nacional", afirmou.
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