Sem abrir mão da disputa, presidenciável do Podemos diz ser difícil a consolidação de só um nome do grupo político
Clarissa Oliveira, Igor Gadelha, Daniel Weterman e Elizabeth Lopes | O Estado de S. Paulo.
Pré-candidato à Presidência pelo Podemos, o senador Alvaro Dias (PR) afirmou ontem achar difícil a consolidação de uma candidatura única do chamado centro nas eleições presidenciais. Evitando abrir mão de seu nome na disputa, o senador considera que pelo menos duas candidaturas no campo se manterão na corrida pelo Planalto.
“Eu considero difícil. Entendo que é possível reduzir o número de candidaturas, isso sim, são vários os candidatos do centro, é possível reduzir o número talvez a dois”, disse o presidenciável ao Estadão/Broadcast.
Alvaro afirmou que não vê nem o Podemos nem o PSDB, que tem o ex-governador paulista Geraldo Alckmin como presidenciável, desistindo de suas pré-candidaturas ao Planalto. Para o senador, ex-tucano e que diz defender um projeto de “refundação da República e ruptura com o sistema corrupto atual”, não há clareza em relação à defesa do mesmo projeto em outras candidaturas.
O presidenciável fez ainda um aceno para a ex-ministra Marina Silva, pré-candidata da Rede ao Planalto, que na pesquisa de intenção de votos do Datafolha divulgada no domingo figura em segundo lugar nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é candidato e tem a liderança das intenções de voto para o segundo turno, também com a ausência do petista. “Vencendo ou não as eleições, ela é protagonista e estará na cena política certamente com Alvaro Dias uma presença sempre exigida.”
O pré-candidato adotou um tom de cautela em relação às propostas de privatização de estatais. Alvaro disse que não se pode vender empresas “na bacia das almas”, se posicionou contrário a privatizar a Petrobrás e afirmou que é ainda preciso discutir a situação da Eletrobrás.
Lava Jato. O senador empenhou-se em fazer uma defesa enfática da Lava Jato, diante da notícia de que seu suplente no Senado, o empresário Joel Malucelli, tornou-se um dos alvos da operação. Malucelli é suspeito de pagar propina de R$ 500 mil para que o grupo J. Malucelli recebesse aporte de R$ 330 milhões do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FIFGTS). Ele nega irregularidades.
O empresário é o patriarca da família que controla a companhia – atuante nos setores de construção, energia, comunicação, financeiro e de seguros – e figura entre os principais doadoras de campanha do senador. Questionado sobre o assunto, Alvaro saiu em defesa do rigor das investigações.
“Minha posição é sempre a mesma: rigor absoluto em matéria de investigação; apoio integral, total à Operação Lava Jato, que muda o cenário não só da política nacional, mas da Justiça brasileira e que é prioridade para o nosso povo”, disse, citando que tem “um bom conceito, o melhor conceito” sobre Malucelli. “Cabe a ele responder pelos seus atos, não creio que alguém possa transferir a mim a responsabilidade de dar respostas a esses questionamentos. Espero que ele possa dar da melhor maneira possível.”
Já sobre o fato de ele próprio já ter sido citado em delações cujas denúncias terminaram arquivadas, Alvaro disse considerar esse mecanismo uma “grande conquista”. “Sem dúvida nenhuma, a Operação Lava Jato não teria o êxito que teve se não fosse esse instituto da delação premiada.”
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