‘Destemperos’ de Ciro Gomes também contribuíram para decisão do centrão
Cristiane Jungblut | O Globo
-BRASÍLIA- A entrada do mensaleiro Valdemar Costa Neto, que controla o PR, nas negociações, a atuação do próprio presidente Michel Temer e os destemperos do candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, são apontados por dirigentes do centrão (DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade) como fatores decisivos para que os caciques do grupo optassem pela aliança com o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.
O acordo foi fechado na quinta-feira e já tem data para ser anunciado: no próximo dia 26. Temer disse a integrantes do centrão que Ciro não era confiável, e que os partidos que também integram seu governo não poderiam aceitar fazer campanha para quem o critica de forma voraz. O mesmo discurso foi usado por Valdemar nos encontros do centrão, dando fôlego aos aliados de Alckmin que sempre apontaram a instabilidade do pedetista como fator negativo para fechar uma aliança.
E, na quinta-feira, Temer se encontrou com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e ainda com o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Na conversa com Ciro Nogueira, o presidente reiterou as preocupações a respeito de Ciro, que o chamou de “quadrilheiro”. Temer lembrou que o pedetista chamou os partidos do seu governo de “picaretas” e destacou que não era possível ser do governo e apoiar um candidato com essa postura. Temer preferia que o grupo estivesse com o MDB, que tem Henrique Meirelles como pré-candidato, mas sabe que isso não seria possível. Os partidos evitam se atrelar a Temer, devido à sua impopularidade.
Nas reuniões do centrão, a postura do PR deu ânimo à ala do PP ligada a Temer e ainda aos democratas que estavam perdendo força dentro do DEM diante da campanha de Rodrigo Maia em favor de Ciro Gomes. Na reta final, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) se sentiu confortável para defender publicamente a aliança com Alckmin, assim como o deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP), que foi secretário de Alckmin no governo paulista e ontem foi oficializado como vice de João Doria ao governo de São Paulo.
Acertados, os cinco partidos partiram para o encontro com Alckmin, na quinta-feira, com uma pauta de reivindicações e com um recado: querem ser tratados como iguais, reclamando que muitos tucanos tratam os integrantes das siglas do centrão como inferiores.
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